A Vamos movimentou R$ 1,3 bilhão em seu follow-on, que foi precificado ontem à noite em R$ 11, um desconto de 5,5% em relação ao fechamento de ontem.

A ação negocia estável no pregão desta quinta, a R$ 11,74.

A companhia de locação de caminhões e máquinas levantou R$ 868 milhões na oferta, enquanto sua controladora, a Simpar, vendeu R$ 434 milhões em ações, reduzindo sua participação de 67% para 59% do capital. 

11745 f8c2799c b120 e06e 976b 4042aa2624e9Os compradores foram principalmente fundos long only, que ficaram com 70% da oferta. Destes, 60% foram investidores internacionais.

A família Simões, que controla a Simpar, também comprou 20% da oferta, o equivalente a R$ 260 milhões. Com isso, os Simões — que só tinham participação na Vamos por meio da Simpar — passaram a ser acionistas diretos da companhia com 1,6% do capital, um voto de confiança nas perspectivas do negócio.

A parcela primária vai melhorar a estrutura de capital da Vamos, abrindo espaço para a empresa acelerar sua expansão orgânica com a compra de mais caminhões e máquinas.

A companhia fechou o primeiro tri com uma alavancagem de 3,23x EBITDA, que agora vai cair para cerca de 2,9x. 

Uma fonte próxima à empresa disse ao Brazil Journal que os recursos serão investidos em crescimento orgânico, mas que o objetivo da Vamos é trabalhar sempre para manter a alavancagem abaixo de 3x. 

A companhia tem dito ao mercado que quer atingir uma frota de mais de 100 mil caminhões e máquinas nos próximos anos, dobrando seu tamanho atual.

Parece uma meta ousada, mas está em linha com o histórico da companhia: nos últimos dez anos, a Vamos tem dobrado seus indicadores operacionais e financeiros a cada dois anos.

A oferta vem num momento de baixa no mercado de caminhões, com a mudança do padrão de emissões dos caminhões (que passou do chamado ‘euro 5’ para o ‘euro 6’) encarecendo os veículos. 

Com o ‘euro 6’, as montadoras anunciaram aumentos de 20% a 25% nos preços, o que fez a venda de caminhões esfriar. 

Segundo uma fonte do setor, o mercado começou o ano forte porque as montadoras ainda tinham estoques de ‘euro 5’, mas em abril os emplacamentos já começaram a cair. 

“Mas isso deve voltar,” disse essa fonte. “O Brasil tem uma das frotas mais velhas do mundo, com uma idade média de 25 anos, e ela precisa ser renovada. Além disso, acho que o preço dos produtos ‘euro 6’ deve passar por uma normalização, ter um ajuste para baixo.”

Como a Vamos também consegue negociações melhores pelo alto volume de compras, a oferta também deve ajudar nesse sentido, já que agora tem um dry powder de quase R$ 1 bi para a empresa negociar com as montadoras. 

A oferta também vai aumentar a liquidez da ação da Vamos. Com a venda da Simpar, o free float da companhia vai aumentar de 31% para 39% do capital. 

Hoje, a ação negocia uma média de R$ 70-80 milhões por dia. Após a oferta, investidores estimam que esse volume diário ultrapasse os R$ 100 milhões. 

Com essa liquidez, a ação se torna uma candidata para entrar no índice Bovespa, o que geraria mais demanda de fundos passivos, instaurando um ciclo virtuoso. 

Para a Simpar, a oferta também deve ajudar a reduzir a alavancagem da holding, que o management tem afirmado ser um dos principais objetivos da companhia no curto prazo.

Depois de fechar em 3,7x EBITDA no primeiro trimestre, a alavancagem da Simpar deve cair para 3,5x após a venda.

Os coordenadores foram BTG Pactual (líder), XP, Itaú BBA, Bradesco BBI, Santander, JP Morgan, UBS BB, Citi, Morgan Stanley e Safra.