Desde que foi fundado há quase 40 anos, o Beach Park se consolidou como uma das principais atrações turísticas do Nordeste – levando mais de 1 milhão de pessoas todos os anos para seu parque aquático e seu complexo de quatro hotéis.

11874 e8fac6bb 5160 1dbe 398a 0b500f3c8ab4Agora, a empresa está se preparando para dar um “salto quântico”, nas palavras do CEO Murilo Pascoal.

O Beach Park acaba de levantar um CRI de R$ 185 milhões para financiar a construção de quatro novos empreendimentos: o Ohana Beach Park Resort, o Natu Snorkel Beach Park e o Arvorar, além de um complexo residencial com 7.000 lotes em parceria com uma incorporadora.

O CRI também vai permitir à empresa trocar uma dívida cara por uma mais barata: pouco mais da metade do total vai ser usado para pagar outro CRI emitido em 2019, alongando a dívida e reduzindo os juros.

Quando os novos empreendimentos estiverem prontos — o que deve acontecer em quatro anos — o Beach Park terá aumentado sua capacidade hoteleira em 150% e pelo menos dobrará sua receita de 2019, o último ano antes da pandemia.

O Beach Park faturou R$ 340 milhões naquele ano, com uma margem EBITDA de 15%.

Nos últimos dois anos, o parque abriu apenas 14 dos 24 meses, o que jogou a receita na lona.

Ainda assim, Murilo diz que o parque conseguiu fechar o ano passado com margem EBITDA positiva e uma ocupação de 70% — acima dos níveis pré-covid. O faturamento mensal do parque também já está acima dos níveis de antes da pandemia, com o mundo mergulhando no ‘revenge travel’.

Parte do aumento na ocupação tem a ver com uma mudança na estratégia comercial e de marketing.

“Antes trabalhávamos muito com televisão a cabo e revistas,” o CEO disse ao Brazil Journal. “Aproveitamos a pandemia para mudar isso e hoje damos muito mais relevância para o digital, principalmente para parcerias com influenciadores nas redes sociais.”

Para atravessar a covid, o Beach Park também contou com um pouco de sorte: em dezembro de 2019, três meses antes do turismo fechar, a empresa havia levantado o CRI que está sendo refinanciado.

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Fundado em 1985, o Beach Park nasceu da cabeça de João Gentil, que abriu uma pequena barraca de comidas e bebidas na praia de Porto de Dunas, a 40 minutos de Fortaleza.

Alguns anos depois, Gentil usou um terreno de sua família para expandir o negócio, construindo o parque aquático e depois entrando em hotéis.

Em 1995, a família Soárez – que já tinha um longo histórico no ramo da educação – comprou o controle. Hoje, os Soárez têm dois terços do Beach Park, e o restante está nas mãos de Patrícia Gentil, a ex-mulher do fundador.

O maior dos quatro novos empreendimentos será o Natu Snorkel Beach Park, que terá 600 apartamentos e três piscinas que vão simular lagos, e onde os hóspedes poderão nadar ao lado de peixes.

O parque é um sonho antigo de Murilo, que se inspirou no Discovery Cove, em Orlando, para criar a atração.

“Essa experiência de poder nadar num rio de águas cristalinas junto com peixes é algo que foi se perdendo com o tempo. Dificilmente as crianças têm essa oportunidade hoje em dia,” disse o CEO, no cargo há mais de 17 anos. “Vamos trazer isso de uma forma segura, controlada e sustentável.”

O Natu Snorkel ficará na beira da praia de Porto de Dunas, num terreno a 3,5 quilômetros do Beach Park. O terreno pertencia à Cyrela e foi adquirido pelo Beach Park em 2017.

O projeto está na fase final do licenciamento ambiental e deve ficar pronto em 2025.

O segundo maior empreendimento será o Ohana Beach Park Resort, que vai ser construído numa área contígua ao Beach Park. O empreendimento terá 220 apartamentos que comportam de 4 a 6 pessoas.

O terceiro é o parque Arvorar, que ficará a 20 minutos de carro do Beach Park e será âncora de um novo empreendimento imobiliário. O parque terá três aviários, um “arvorismo mais light” e um mirante em formato de ninho de pássaro.

Os novos empreendimentos do Beach Park são um sopro de alívio para um setor que sofreu brutalmente nos últimos dois anos e que tem visto mais fechamentos do que novos investimentos.

Guilherme Soárez, membro da família controladora do Beach Park, disse que acredita numa nova onda do turismo brasileiro no pós-pandemia.

“O turismo vai renascer num novo patamar, com projetos sustentáveis de empresários que souberam enfrentar a pandemia,” disse ele. “Além disso, o dólar alto e esse receio que muitas pessoas ainda estão de viajar para o exterior favorecem o turismo nacional.”

Segundo ele, o Beach Park recebeu propostas de compra e de investimentos nos últimos anos, tanto de players estratégicos quanto de fundos private equity.

“Mas agora não é o momento de vender… Queremos entregar esses novos projetos para depois pensar em alguma coisa, até num IPO.”