Depois de comer o pão que o Diabo amassou no primeiro ano de governo — lutando para colocar os salários em dia, respondendo à tragédia de Brumadinho e sofrendo com sua própria inexperiência com a máquina estatal — Zema começa o segundo ano disposto a focar na agenda de desestatização.
Passanezi trabalhou na privatização das elétricas do estado de São Paulo e foi um bom CEO na Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), onde entregou resultados sólidos nos últimos três anos. Ele deixou a companhia de transmissão em agosto.
O novo CEO da Cemig é um executivo de forte viés financeiro, tendo sido general manager do BBVA no Brasil por mais de 10 anos após sair do governo de São Paulo. Além de ter muito trânsito no setor, é amigo do CEO da Eletrobras, Wilson Ferreira, há mais de 20 anos. Os dois trabalharam na venda da Elektro em 1997, quando Wilson ainda estava na CESP.
Passanezi substitui Cledorvino Belini, o ex-CEO da Fiat nomeado por Zema no início do ano passado. Belini, que continua no conselho de administração da empresa, não tinha experiência de privatização. “Ele foi engolido pelos processos e pela burocracia estatal,” diz uma fonte próxima da Cemig.
Ainda que seja um passo na direção correta, a nomeação de Passanezi não permite colocar o carro da privatização na frente dos bois.
Zema precisa da Assembleia Legislativa, onde os deputados têm demonstrado pouco senso de urgência.
O Legislativo estadual ainda precisa aprovar os projetos de venda da Codemig (enviado em outubro) e da reforma da Previdência dos servidores estaduais (que aumenta a alíquota de contribuição dos servidores de 11% para 14% e deve ser enviado em fevereiro).
Numa entrevista ao Estado de Minas de ontem, o secretário de Governo, Bilac Pinto (DEM), disse: “Vamos aguardar primeiro a Assembleia fazer a análise da venda da Codemig. Depois, vamos iniciar um processo de discussão sobre novas privatizações. Só a partir daí vamos enviar os projetos de venda da Cemig e da Copasa.”
Segundo Bilac, se o Governo não conseguir aprovar a reforma da Previdência, “vamos entrar em uma situação de calamidade.”
A aprovação da privatização da Cemig e da Copasa são condições para o Estado aderir ao Regime de Recuperação Fiscal. “2020 é o ano do regime da recuperação fiscal em Minas. Se não aderir, não temos plano B”, Zema já disse, segundo o Estado de Minas.
Segundo a Fazenda estadual, a adesão ao programa representaria uma economia de R$ 130 bilhões para os cofres mineiros nos próximos seis anos.