O Mercado Livre anunciou hoje uma série de inovações que robustecem sua oferta de serviços financeiros, aproximando a empresa ainda mais do modelo do Alipay, que a companhia sempre teve como benchmark.
Apesar de inicialmente voltados aos usuários que transacionam na plataforma do MELI, os novos serviços devem aumentar o senso de urgência de outras fintechs, que vêem o concorrente criando uma carteira digital cada vez mais completa.
O Mercado Pago — o braço de pagamentos do Mercado Livre — tem 1 milhão de contas ativas e 2,5 milhões de contas cadastradas. Os usuários usam a conta para múltiplas funcionalidades como recarga de celular e pagamento de contas.
A partir de hoje, as contas do Mercado Pago terão um rendimento automático, num modelo parecido com o da NuConta, do Nubank. Os depósitos serão aplicados no Tesouro Selic e o usuário receberá uma remuneração de cerca de 5,2% ao ano.
A partir do ano que vem, o Mercado Pago vai passar a oferecer um cartão de crédito, em complemento ao cartão pré-pago que a fintech já disponibiliza hoje. Além disso, vai permitir a realização de transferências via TED e DOC e a abertura de contas-salários.
Os novos serviços se tornaram possíveis depois que o MELI recebeu autorização do Banco Central em novembro para se transformar numa instituição de pagamentos.
O MELI também sugeriu a possibilidade de trazer inovações para a Point, sua maquininha de cartão, vendida hoje para microempreendedores e que compete no mesmo nicho de mercado da PagSeguro.
Túlio Oliveira, o diretor geral do Mercado Pago, disse que a empresa ainda enxerga oportunidades grandes para crescer no nicho que atua hoje, mas avalia ir além: a ideia é operar também com varejistas de médio e grande porte, entrando num mercado dominado hoje pela Cielo, Rede e GetNet e que também entrou no radar da PagSeguro.
Outra aposta do Mercado Pago são os pagamentos com QR Code. A fintech já conta com 50 mil estabelecimentos cadastrados para receber o pagamento com a tecnologia e tem investido pesado para aumentar a base.
Para crescer sua penetração entre as varejistas, não está cobrando — num primeiro momento — nenhuma taxa sobre as transações. Na outra ponta, tem oferecido uma série de promoções em parceria com os estabelecimentos para estimular o uso dos QR Code.
Oliveira disse que o pagamento com QR Code ainda tem uma penetração muito pequena no Brasil, mas que na empresa vem crescendo numa taxa de 40%, tanto em termos de usuários quanto de estabelecimentos cadastrados. Ele não abriu o número de usuários.
No último trimestre divulgado, o volume de transações feitas no mundo físico — por exemplo, usando QR Code ou a maquininha Point — superou as realizadas dentro da plataforma, um marco que mostra que a estratégia tem rendido frutos.