A XP teve mais um trimestre de lucro recorde, sugerindo que seu negócio continua resiliente apesar da alta dos juros e da hecatombe na Bolsa.

O lucro do terceiro trimestre foi de R$ 1,039 bilhão, uma alta de 82% em relação ao mesmo período de 2020 e um crescimento marginal em relação ao R$ 1,034 bilhão do segundo tri deste ano.

A receita bruta — outro recorde — teve alta de 50% para R$ 3,4 bilhões; e o EBITDA foi de R$ 1,2 bilhão, um avanço de 61% na comparação anual e queda de 6% em relação ao tri anterior.

“O cenário macro não afeta nosso negócio de forma negativa e, se existe alguma preocupação em relação a isso, é por uma falha de comunicação nossa,” disse o CFO Bruno Constantino. “As pessoas acham que a XP é uma empresa de renda variável, mas somos uma empresa de investimentos.”

A custódia de equities é menos de 40% do total sob custódia na XP.

Constantino disse que o ‘efeito portfólio’ gera uma mudança no mix de produtos dependendo do cenário macro: se o momento é difícil para a renda variável, a renda fixa e produtos estruturados têm demanda maior. O CFO também disse que a empresa vem aumentando suas receitas de assessoria em M&A.

A XP já havia feito uma divulgação prévia dos KPIs em 11 de outubro.

No final do terceiro tri, o total de ativos sob custódia estava em R$ 789 bilhões, 40% acima na comparação ano contra ano e 3% abaixo do trimestre anterior, afetado pela queda no preço das ações.

Também como reflexo do aumento da incerteza, a captação líquida total desacelerou para R$ 37 bilhões no terceiro tri contra R$ 75 bilhões no trimestre anterior.

A XP também divulgou a captação líquida ajustada por transferências das chamadas “custódias concentradas”, que alcançou R$ 47 bilhões, acima dos R$ 45 bilhões do trimestre anterior.  Segundo Bruno, a XP divulga essa métrica “excluindo as custódias concentradas” — aquelas acima de R$ 5 bilhões e mais voláteis — para que os investidores possam ter maior visibilidade da custódia pulverizada, que tende a ser mais recorrente.

A base de clientes ativos avançou 25% para 3,3 milhões, e a adição bruta de agentes autônomos à rede da XP totalizou 1.188 pessoas no 3T21, com crescimento de 30% ano contra ano e estável em relação ao segundo trimestre.

Nos novos segmentos de negócio, a carteira de crédito colateralizada teve inadimplência zero e atingiu R$ 8,6 bilhões, um aumento de seis vezes ano contra ano. Nos cartões de crédito, o TPV de R$ 3,3 bilhões foi 55% acima do trimestre anterior.

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Constantino também comentou a dissolução do acordo de acionistas entre o Itaú e os controladores da XP. (Depois de distribuir a seus acionistas uma participação equivalente a 23% do capital da XP, o banco continua com 18% da corretora, mas sem estar vinculado a um acordo de acionistas.)

O CFO notou que os controladores da XP “aumentaram seu poder de voto de 55% para 68% aproximadamente, e com isso você ganha mais alavancagem para fazer futuramente novas emissões, crescer etc. Esse é um ponto positivo fruto dessa reorganização. O segundo avanço é que o acordo de acionistas mudou, e nesse novo acordo vetos e uma série de direitos que existiam no acordo antigo deixaram de valer. Por exemplo, M&As, alguns vetos que o Itaú possuía deixaram de existir.”