O Méliuz acaba de anunciar a aquisição de 100% da fintech Acesso Bank — o maior movimento da companhia de cashback para entrar em serviços financeiros.
O Méliuz está pagando R$ 324 milhões pela companhia numa transação que envolve apenas troca de ações. Os acionistas da Acesso ficarão com cerca de 8% do Méliuz, que fechou sexta-feira valendo R$ 4,1 bilhões na B3.
A aquisição — que aumenta significativamente o mercado endereçável do Méliuz — dá a seus 16 milhões de usuários uma conta digital completa que vai servir de plataforma para a entrada em outros serviços financeiros (de empréstimos e investimentos até seguros).
Após a operação, a marca Acesso vai deixar de existir, e a empresa se tornará uma subsidiária do Méliuz. O CEO Davi Holanda será o diretor dessa nova vertical de serviços financeiros, que vai cuidar também da operação de cartão de crédito do Méliuz — criada em meados do ano passado em parceria com o Banco Pan e que já teve mais de 4,1 milhões de solicitações (cerca de 20% foram aceitas).
“Já existem vários wallets e bancos digitais mas a maioria deles ‘peca’ muito no engajamento,” Israel Salmen, o fundador e CEO do Méliuz, disse ao Brazil Journal. “A gente já começa com essa vantagem: conseguimos engajar muito bem nossa base. Além disso, temos o que muitas wallets não tem, que é o ‘cash in’, que vem do nosso cashback.”
Na prática, o Méliuz está fazendo o caminho oposto do Banco Inter, que começou com serviços financeiros e depois lançou sua plataforma própria de cashback.
Fundada em 2013, a Acesso começou operando apenas um cartão pré-pago, então vendido em supermercados. Cinco anos depois, com a chegada de Davi — que antes trabalhou na PagSeguro, onde foi o responsável pela entrada no mercado de maquininhas — a empresa criou seu banco digital e o Bankly, um serviço de banking as a service.
Os principais acionistas da Acesso são o fundo de venture capital InvestTech, o CEO Davi Holanda, a família Heilberg (dos fundadores da HIX Capital), além de Sérgio Kulikovsky, que fundou a empresa.
Outros investidores incluem Luis Stuhlberger, o fundador do Verde; Pino Marco Di Segni, um ex-executivo da Hedging-Griffo e hoje sócio da GEO Capital; e Paulo Lemann.
A Acesso teve um TPV de R$ 1,3 bilhão apenas em março. No ano passado, teve uma receita bruta de R$ 53 milhões em suas duas linhas de negócio.
A transação vem dois meses depois do Méliuz pagar R$ 120 milhões por 51% da Picodi, no que Israel chamou de um “M&A mais importante que o IPO”, e seis meses depois do IPO da empresa — que injetou mais de R$ 300 milhões no caixa.
Desde a listagem na Bolsa, a ação multiplicou por mais de 3x.