Márcio Mendes, presidente da Integritas – a holding que reúne os 29 médicos sócios do Fleury – não gostou de um recente relatório de banco que afirmava que a Integritas era “o segundo maior acionista” do Fleury, depois da Bradesco Seguros, que tem 16,2% do laboratório. 

“Na verdade, os médicos-sócios são os maiores acionistas, com 23,6%; só que essa participação está dividida entre dentro e fora da holding”, disse Mendes. “Precisamos deixar isso mais claro nas nossas comunicações”.  

Na semana passada, a Integritas transferiu 8,8% do capital do Fleury para os médicos-sócios na pessoa física. Com isso, a participação dos médicos via Integritas caiu de 11,9% para 3%, e a participação do grupo de médicos, na física, passou de 10,4% para 19,2%. (Há ainda outro 1,4% também em nome das pessoas físicas mas fora do acordo de acionistas.)

À primeira vista, isso poderia indicar que os médicos estão propensos a vender suas ações em bloco. Mas Mendes – que também é vice-presidente do conselho do Fleury – afirma que esse não é o caso. “Somos 29 médicos, alguns com seus 40 anos e ainda muito ativos no grupo e outros mais velhos e que querem ter mais liberdade na gestão do patrimônio”, diz. 

“Isso não quer dizer necessariamente que vai haver um movimento de venda que criaria um ‘overhang’. Todos continuam no acordo de acionistas e tem gente que pode até querer comprar mais. Estamos muito confiantes no futuro da companhia.” 

Segundo Mendes, a participação dos médicos é pulverizada, e nenhum deles tinha muito mais que 5% da Integritas até a reestruturação. A participação de 3% do Fleury foi mantida na Integritas porque os médicos-sócios querem continuar juntos num veículo para estudar outras possibilidades de parceria, como investimentos em startups de saúde.

A Integritas foi criada na entrada do Bradesco no capital da Fleury, em 2009. Na época, foi criada a holding, com participação de 80% dos médicos e de 20% da seguradora do banco. 

A estrutura foi mantida mesmo depois do IPO e começou a ser desmantelada em 2015, com a entrada do Advent (que desembarcou da companhia no ano passado).

Na época, o bloco dos médicos, então com 24% do capital, já fora dividido. Cerca de 11,9% ficaram dentro da Integritas e 16% passaram para os médicos na física. A fatia da Integritas foi mantida, mas os médicos já venderam parte das ações – chegando a 10,4%. 

Os números mudam, mas a mensagem continua a mesma.

“Estamos num momento muito importante para o Fleury e é importante dizer que nosso norte é ser uma empresa de médicos”, diz Fernando Lopes Alberto, um dos sócios da Integritas e conselheiro do Fleury. Segundo ele, a rede de laboratórios está estudando criar um comitê médico para assessorar o conselho. “Esse é o nosso diferencial”. 

 
A ação do Fleury está fechando 2018 no ponto mais baixo desde março de 2017, negociando por volta de R$ 19,40.