A Advent vai vender 40% de sua participação no Fleury, dois anos depois de investir na rede de medicina diagnóstica e após ter multiplicado seu capital por quatro (em dólar), nas contas de gestores que acompanham o papel.
O bloco de 18,5 milhões de ações será negociado amanhã às 11h30 pela corretora Credit Suisse, mas os brokers já indicaram que, se houver demanda, a Advent está disposta a vender toda sua participação, que chega a 45,8 milhões de ações. O CS já encontrou compradores para o lote inicial a R$ 27,25/ação, e passou o dia trabalhando o mercado para gerar interesse. O papel fechou o dia a R$ 28,25.
A saída da Advent, que investiu no Fleury em setembro de 2015, devolverá a governança do Fleury às mãos dos médicos fundadores — donos de 24,3% do capital — e da Bradesco Seguros, dona de 16,3%.
No mercado, a Advent é amplamente vista como a responsável por ter robustecido a governança do Fleury. Com dois assentos num conselho de 10, a gestora recomendou executivos para a rede de medicina diagnóstica, incluindo o atual CFO, e fortaleceu os três comitês do conselho — remuneração, auditoria, e gestão de riscos e finanças — e criou um quarto, o de projetos. A Advent tem um membro em cada.
Coincidência ou não, a entrada da Advent também marcou um ponto de inflexão operacional. Nos últimos dois anos, a geração de caixa do Fleury aumentou 40%, e sua ação multiplicou por cinco. O papel, que negociava a um múltiplo de 6 vezes a geração de caixa, hoje negocia a 15x.
Boa parte do crédito pelo turnaround se deve ao time formado pelo CEO Carlos Marinelli, que assumiu o cargo no segundo semestre de 2014, e Adolfo Nunes de Souza Neto, CFO desde 2013. (Quando a Advent entrou na companhia, o acordo de acionistas lhe dava o direito de indicar o CFO, mas a gestora manteve Adolfo, que saiu só recentemente da empresa.)
Cerca de dois trimestres depois da Advent anunciar seu investimento, os resultados do Fleury — até então medíocres — começaram a mudar.
A virada operacional focou no ganho de produtividade dos funcionários no atendimento e na coleta de análises clínicas, no aumento da utilização dos equipamentos de tomografia e ressonância, e na melhora da satisfação dos clientes. Como resultado, a margem EBITDA, que fechou 2014 em 17,8%, hoje está em 24,6%.
Para alguns gestores que estão considerando comprar o papel no leilão de amanhã, a saída de um investidor de referência e com perfil ativista gera incerteza sobre o futuro da governança na companhia.
A ação do Fleury inicialmente mergulhou com a notícia da oferta, recuperou-se em seguida e voltou a negociar em alta, mas entregou tudo na última hora e fechou em queda de 1,6% nesta terça.