Em cerca de 15 anos, a população brasileira deve atingir o pico – estimado em 230 milhões de pessoas – e, a partir de então, começará a diminuir. “O Brasil envelheceu rápido demais e ainda não se deu conta,” diz a médica pneumologista Margareth Dalcolmo.“Precisamos nos preparar para uma nova visão de cuidado. A partir de 2040, o crescimento da população vai se concentrar nas faixas etárias mais avançadas, acima dos 80 anos”, afirmou neste episódio de The Business of Life.

Professora da PUC-RJ, Dalcolmo especializou-se no tratamento de doenças pulmonares pela Fiocruz, onde hoje é pesquisadora, e foi pioneira no combate ao tabagismo no Brasil. Em 2024, recebeu o título de Cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra da França, por sua contribuição à ciência e à saúde pública.

Nesta entrevista, ela lembra que o Brasil conseguiu reduzir a taxa de fumantes de 40% para cerca de 10% da população em 30 anos, graças a campanhas de conscientização. A preocupação, agora, é o cigarro eletrônico. “Essa invenção, que eu chamo de diabólica, da indústria do tabaco. Em apenas cinco dias, a pessoa pode se tornar dependente, pois a concentração de nicotina é 100 vezes maior que a do cigarro comum, além de conter substâncias flavorizantes e metais pesados, muitos dos quais são cancerígenos,” disse.

“Estamos fabricando doenças que, antes, só surgiam aos 70 anos, como câncer de pulmão e enfisema pulmonar,” alerta. “Sem medidas educativas, em pouco tempo veremos casos de câncer de pulmão em pessoas de 30 anos. Imagine o custo disso para um país em envelhecimento como o Brasil.”

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