Pressionada pelo mercado a entregar margens melhores, a Locaweb criou uma nova empresa para atender os clientes que está chamando de medium-large: maiores que as médias empresas que ela já atende, mas não gigantes.
Chamada de Wake, a nova companhia sera uma subsidiária integral da Locaweb e vai integrar seis aquisições recentes – Tray Corp, All In, Ideris, Samurai, Síntese e Squid.
A Wake vai atender empresas cujo GMV do e-commerce está entre R$ 1 milhão e R$ 500 milhões por ano, e que na operação física fatura até R$ 5 bilhões.
“Existe uma demanda reprimida para esse cliente no Brasil,” o CEO da Locaweb, Fernando Cirne, disse ao Brazil Journal. “Quando você desce a faixa tem bastante concorrência, assim como nas empresas maiores. Por ora, não vamos atrás das gigantes.”
Enquanto a própria Locaweb fez um business focado nas PMEs, as gigantes hoje são atendidas por companhias como VTEX, Shopify e Salesforce.
O projeto da Wake começou a ser desenhado com a chegada de Alessandro Gil, um ex-executivo da VTEX que se juntou à Locaweb há um ano como diretor executivo de Plataformas Enterprise – SaaS e Commerce.
De lá pra cá, Gil também trabalhou para integrar e aumentar o cross-sell entre as empresas do grupo. Agora, foi promovido a vice-presidente de enterprise solutions da Locaweb e será o diretor-geral da Wake.
Apesar de ter uma margem inicial menor em comparação ao negócio de PMEs – dados os gastos com atendimento mais personalizado – o cliente-alvo da Wake tem churn mais baixo e receita mais alta.
“Com o tempo, a margem aumenta,” disse Gil.
Integração e margens maiores têm sido cobranças recorrentes dos investidores nos últimos meses – e que têm penalizado a ação da empresa (junto com todo o quadro sorumbático para o Brasil em geral e tech em particular).
A Locaweb perdeu 50% de seu valor de mercado nos últimos 12 meses, com sua ação hoje negociando a R$ 5,17. A empresa vale R$ 3 bilhões na B3.
A XP rebaixou a Locaweb de “compra” para “neutro” por causa da desaceleração de seus negócios, assim como via a integração das 12 empresas adquiridas desde o IPO como “desafiadora”. O preço-alvo caiu de R$ 12 para R$ 7,50.
O BTG, apesar de manter a recomendação de compra, enxerga um quarto trimestre difícil para a empresa e diminuiu o preço alvo de R$ 18 para R$ 10.
O banco está mais otimista por enxergar que a Locaweb está descontada em relação às suas rivais no exterior, como VTEX e Shopify.
Para Cirne, o mercado cobra rentabilidade, mas a Locaweb não deixará de ser uma empresa de crescimento.
“Não vamos virar uma empresa que cresce 6% ao ano. Nossa margem vai crescer mais do que a receita, mas vamos continuar sendo uma empresa de crescimento,” disse ele.