Enquanto o mercado estava eufórico com as perspectivas do Linx Pay e os analistas tentavam modelar o potencial do novo negócio, um acionista controlador da Linx aproveitou para vender R$ 21,5 milhões em ações da companhia no mês passado. 

A empresa comunicou à CVM que ‘membros do bloco de controle’ venderam 705 mil ações entre os dias 3 e 27 de dezembro a preços entre R$ 28,53 e R$ 32,60. A máxima histórica da ação foi R$ 35, também em dezembro.  (Pela regulação, companhias abertas são obrigadas a divulgar negociações envolvendo controladores, executivos ou conselheiros)

A Linx tem capital disperso na Bolsa; mais de 80% do capital está em circulação no mercado. Mas um acordo de acionistas amarra os fundadores da empresa e alguns executivos – que são considerados ‘controladores’ para efeitos do formulário enviado à CVM.

A Linx não informou o nome do vendedor, e disse ao Brazil Journal apenas que a venda foi motivada por ‘decisões pessoais’.

“Pega muito mal eles fazerem um baita marketing do Linx Pay e, no mês seguinte, ir lá e ‘servir’ ação em todo mundo”, diz um gestor.

Os membros do ‘bloco controlador’ são todos executivos ou conselheiros da companhia. Nércio Fernandes, presidente do conselho de administração, é o maior acionista, com 7,16% do capital; o CEO Alberto Menache tem 5,16%; e o conselheiro Alon Dayan tem outros 4,17%, segundo as informações mais atualizadas disponíveis na CVM.

Fazem parte do acordo ainda Flavio Menezes, vp de marketing e RH, com 0,18% do capital, e Jean Carlo Klaumann, vp de operações, cuja participação acionária não é divulgada na CVM. Daniel Mayo e Marcos Takata, diretores não estatutários, também são signatários e tem 0,70% e 0,28% do capital, respectivamente.

Dennis Herszkowicz, o ex-diretor de novos negócios da Linx que agora trabalha na Totvs, deixou o acordo de acionistas em setembro. Dario Gouveia e Aparecido Raposo saíram do acordo na mesma época.

As ações da Linx chegaram a dobrar desde outubro, quando a companhia lançou o Linx Pay, sua operação de subadquirência. A ação tem corrigido desde o início do ano, e hoje sobe 3,5%. A companhia vale R$ 5 bilhões na Bolsa.

À época, a Linx disse que o mercado potencial para o Linx Pay era de R$ 125 bilhões – metade dos R$ 250 bilhões que passam pelos seus softwares de gestão anualmente.

 

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