Desde que anunciou sua entrada no mercado de meios de pagamento em meados de outubro, as ações da Linx subiram mais de 70% – um dos casos de re-rating mais instantâneos da Bolsa.

Agora, o mercado está tentando entender quanto de fato vale a oportunidade e se a ação tem potencial para continuar subindo.

Para o BTG, por exemplo, a resposta é um sonoro ‘sim’.

Os analistas do banco aumentaram o preço-alvo do papel de R$ 22 para R$ 36, depois de chegar a um valor justo de R$ 14 por ação apenas para o Linx Pay, a divisão que concentra as soluções de pagamento. O papel fechou ontem cotado a R$ 31.

E isso numa estimativa conservadora.

Na análise mais otimista – em que todas as previsões da Linx para o Pay se tornam realidade – o BTG chega a um preço-alvo de R$ 71 por ação, com a divisão de pagamento sozinha valendo R$ 49/ação.

Ou seja, neste cenário – ainda considerado pouco provável em meio à forte concorrência no setor – a Linx poderia dobrar seu valuation.

Para chegar nos dois cenários, o banco testou o quanto do mercado potencial anunciado pela Linx será efetivamente capturado, qual será o ‘take-rate’ – a taxa cobrada por transação – e a velocidade com que a Linx vai escalar a oferta do Pay.

Inicialmente, a companhia divulgou um mercado potencial de R$ 125 bilhões em transações com cartões, o equivalente a metade dos R$ 250 bilhões em transações que passam pelos seus softwares de gestão anualmente.

Na estimativa conservadora, o BTG considerou que o Linx Pay vai processar R$ 70 bilhões em transações em 2023 (ou 56% do mercado que ela espera) e que o ‘take-rate’ será de 0,65%, metade do que a Linx disse que cobraria e abaixo também de outros players do setor. 

O modelo considerou ainda uma margem EBITDA de 55% (um pouco abaixo da Cielo) e uma margem líquida igual à da rival. “A Linx Pay deve ter um custo para a aquisição de clientes inferior ao das adquirentes, considerando que ela já tem um relacionamento com os varejistas”, disseram os analistas Carlos Sequeira e Bernardo Teixeira em relatório.

A Goldman Sachs também se debruçou sobre os números da fintech, e o resultado foi mais conservador: o banco atribuiu um preço-justo de R$ 30/ação, em linha com o valor da empresa na Bolsa.

A diferença: em seu cenário-base a Goldman considerou que o Linx Pay capturaria apenas 30% de seu mercado potencial e que o ‘take-rate’ seria ainda mais baixo, de 0,6%.  

Num evento com investidores promovido pela Goldman na semana passada, a direção da Linx sinalizou que o Linx Pay começou com o pé direito. “Eles estão animados com os resultados iniciais e disseram que, desde o lançamento, tiveram uma taxa de 80% [na conversão de clientes abordados]”, escreveram os analistas do banco.

O Linx Pay já conta com mais de mil pessoas distribuindo seus produtos, entre funcionários próprios e franqueados.

Já o Credit Suisse atribuiu um valor ainda maior para a fintech de pagamentos: segundo o banco, a Linx Pay sozinha vale R$ 18 por ação – mais da metade do valor justo total atribuído à empresa, de R$ 35. O CS considerou um ‘take-rate’ de 0,7% e R$ 37 bilhões em transações em 2021.

Para além do potencial do negócio de meios de pagamento, a Linx se tornou um alvo óbvio para as grandes adquirentes, que tem buscado completar sua oferta de serviço para fidelizar os clientes – o que contribui para a alta do papel.

“Mesmo com toda essa alta, a Linx ainda vale R$ 5 bi, que não é nem um ano de EBITDA da Cielo, por exemplo”, diz um analista.

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