O Itaú Unibanco está fazendo um investimento minoritário na NeoSpace, uma startup que está desenvolvendo modelos fundacionais de GenAI para melhorar a experiência do cliente.
O Itaú liderou a rodada de US$ 18 milhões, investindo US$ 15 milhões na startup.
O restante veio de quatro investidores-anjo: Martín Escobari, da General Atlantic; Micky Malka, da Ribbit Capital; Nigel Morris, da QED; e Hans Morris, da NYCA Partners.
O investimento foi feito com o balanço do banco, e não por meio da Kinea Investimentos, a gestora de private equity e venture capital do Itaú.
Fundada em novembro de 2023, a NeoSpace nasceu da cabeça de três empreendedores que são velhos conhecidos do banco.
Bruno Pierobon, Felipe Almeida e Gustavo Debs também são os fundadores da Zup, uma empresa de serviços de TI e software adquirida pelo Itaú em 2020 por mais de R$ 500 milhões.
Depois da venda, os três continuaram à frente do negócio – até decidirem empreender novamente.
“Somos uma empresa focada na construção de modelos fundacionais, semelhantes ao do ChatGPT, mas com um objetivo muito específico: melhorar o atendimento das empresas e ajudá-las a tomar decisões estratégicas melhores,” Bruno disse ao Brazil Journal.
“Queremos tornar a experiência dos clientes mais ativa. Quando ele entrar no app, o app já vai saber o que ele procura e conseguir antecipar suas necessidades. Nosso objetivo é mudar totalmente o conceito de CRM.”
Ricardo Guerra, o chief information officer (CIO) do Itaú Unibanco, disse que “confia muito” no talento dos três fundadores.
“Na Zup eles ajudaram muito a gente na transformação digital do banco, e temos debatido há um tempo com eles que caminho a NeoSpace seguiria,” disse ele.
Guerra disse ainda que esse investimento fala muito sobre o momento do banco, que ele define como a ‘era da experiência.’
“Vivemos uma evolução da tecnologia que permite entregar serviços e experiências cada vez mais personalizadas. A tecnologia permite que você entenda a necessidade dos clientes e resolva os problemas deles mais rápido, ou até os surpreenda.”
A NeoSpace não é o primeiro investimento do Itaú em GenAI. Guerra disse que desde o começo de 2023 o banco tem investido nesse tipo de tecnologia e tem hoje uma plataforma de GenAI que usa vários modelos existentes no mundo, incluindo os da OpenAI.
“A NeoSpace vai ser mais um componente dessa nossa solução. O que fazemos é testar os vários modelos que usamos e ver qual é melhor para cada solução que estamos buscando,” disse ele.
A NeoSpace está trabalhando hoje em três modelos principais junto com o Itaú.
O primeiro é uma linguagem natural similar ao ChatGPT, mas focada na experiência dos clientes e que poderia ser usada para substituir os chatbots do Itaú.
O segundo é para entender os dados dos clientes e tentar antecipar suas necessidades, oferecendo produtos que façam mais sentido.
O terceiro é para o crédito, ajudando a entender melhor os clientes dessa vertical e buscando a melhor forma de lidar com cada caso. No futuro, esse modelo também pode ajudar na análise de risco para novas concessões de crédito.
Como parte do aporte, o Itaú está ganhando uma exclusividade de 12 meses para usar a solução conversacional da NeoSpace, além de exclusividade perpétua para todos os produtos que forem desenvolvidos em parceria entre as duas empresas.
Apesar disso, a NeoSpace pretende operar com outros clientes e já está trabalhando em modelos focados em outros setores, como o de telecom.
Outro plano: internacionalizar a empresa, algo que a NeoSpace já pretende fazer no curto prazo.
“O nosso foco é ser uma empresa global. Vamos pensar nisso desde o começo e já estamos treinando nossos modelos em inglês e espanhol também,” disse Felipe, o cofundador. “A entrada desses quatro investidores-anjo vai ajudar nisso, porque eles têm um acesso aos bancos e às grandes empresas americanas que a gente não tem.”