A Kora Saúde acaba de comprar 80% do Grupo OTO por R$ 248 milhões, fortalecendo sua presença no Ceará com sua quarta aquisição desde o IPO em agosto.
Os fundadores do OTO permanecerão com 20% do negócio e seguirão à frente da operação de todo o hub cearense.
A aquisição de hoje complementa a malha hospitalar da Kora em Fortaleza, onde a empresa adquiriu recentemente os hospitais Gastroclínica – uma maternidade premium e referência em obstetrícia e cirurgias eletivas – e o São Mateus, reconhecido pela alta complexidade e cirurgias cardíacas e neurológicas.
“Acreditamos que ainda há espaço para crescer em Fortaleza, tanto pelo aumento do número de leitos quanto pelo aumento da oferta de serviços de não internação, como imagem, laboratório, hemodinâmica e oncologia,” Elias Leal, o head de M&A da Kora, disse ao Brazil Journal.
A aquisição saiu a R$ 1,5 milhão/leito, comparado a múltiplos de R$ 600 mil e R$ 800 mil nas duas aquisições anteriores na cidade.
“Neste caso, o valor por leito é maior porque o grupo tem 4 unidades ambulatoriais de imagem e uma unidade ambulatorial: tudo isso gera caixa e agrega EBITDA, mas não agrega leitos,” disse Elias. “Mas em termos de EV/EBITDA, foi em linha com o que estamos pagando.”
Segundo a empresa, as aquisições feitas desde o IPO saíram em média a 7,6x EV/EBITDA 2021 e R$1,1 milhão por leito. A empresa já investiu R$ 682 milhões dos R$ 880 milhões levantados no IPO.
Agora, a Kora tem 15 hospitais totalizando 1.766 leitos, comparado a 1.200 antes do IPO. Para efeito de comparação, a Rede Mater Dei tem 1.673 leitos totais, incluindo os ainda em construção.
A Kora — que além do Espírito Santo e Ceará também tem operações no Tocantins, Mato Grosso, Goiás e Brasilia — tem dito ao mercado que espera comprar 500 leitos por ano.
O HIG tem 69% da Kora Saúde, que começou quando o fundo de private equity comprou a Rede Meridional, fundada no Espírito Santo pelo cirurgião cardiovascular Antonio Benjamim, que se tornou o CEO da Kora. A companhia assumiu seu nome atual em 2019, quando começou as aquisições fora do Espírito Santo.
No Grupo OTO, a família Moreira não fez um processo competitivo para a venda. O Dr. Iramar Moreira já havia conversado com todos os players do setor ao longo dos anos, mas a maior identidade cultural foi com a Kora. Os dois lados conversam desde 2018.
Das 1 milhão de vidas de planos de saúde no Ceará, a Hapvida tem 400 mil. As outras 600 mil são atendidas por grupos como a Kora, que agora tem o maior parque hospitalar do Estado depois da Hapvida.
Conhecido por uma gestão próxima dos médicos, o Grupo OTO tem um hospital de alta complexidade — incluindo transplantes e oncologia — e uma cultura de inovação e vanguarda. Victor, o filho do fundador, será o CEO de toda a operação da Kora no Ceará. A marca OTO será mantida.
A empresa não deu um guidance específico, mas tipicamente consegue aumentar em até 50% o EBITDA das operações adquiridas. O OTO vai fazer R$ 35 milhões de EBITDA este ano.
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