Acionista da Rede Mater Dei e da Kora Saúde, a Polo Capital acha que as duas deveriam unir suas operações.
Para a gestora carioca, a fusão criaria uma empresa de saúde com porte para se tornar protagonista na consolidação do setor hospitalar no país.
A Polo publicou uma carta sobre o assunto no sábado. Os controladores das duas empresas são a família Salvador, que tem 72% da Mater Dei; e o fundo de private equity HIG, dono de 64% das ações da Kora.
O primeiro ponto da Polo para justificar a operação é o fato de não haver overlap entre as duas operações: a Mater Dei tem 2.040 leitos em 7 hospitais (2 em construção) em Minas Gerais, Bahia e Pará. Já a Kora possui 1.632 leitos distribuídos no Espírito Santo, Mato Grosso, Tocantins, Goiás, Distrito Federal e Fortaleza.
Juntos, Mater Dei e Kora teriam 3.672 leitos e ficariam muito próximas da No. 3 do setor, a Dasa, com 3.800 leitos (2,7% de share). O maior player privado hospitalar no Brasil é a Rede D’Or, com 11 mil leitos e cerca de 8% do mercado. Em segundo lugar está a companhia que surgirá da fusão da Hapvida com a Intermédica, com 9.000 leitos (6% de share).
Diante do aquecimento dos M&As no setor, a fusão das duas seria até mesmo um movimento defensivo, na visão da Polo. Isso porque se a Dasa — por exemplo — se unir à Kora ou ao Mater Dei, a empresa que ficar sozinha — seja Kora ou Mater Dei — estaria numa posição inferior na competição por novas aquisições.
A sugestão da gestora é que a operação aconteça com uma troca simples de ações, já que as duas empresas têm múltiplos semelhantes: a Kora negocia a 15,1x EV/EBITDA e a Mater Dei, a 14,4x. Após a fusão a preços de mercado, a família Salvador ficaria com 41% da empresa e o HIG, com 28%.
Nas contas da Polo, a fusão pode gerar sinergias de R$ 200 milhões por ano. O cálculo considera somente redução de custos — de pessoal e na compra de materiais, por exemplo —, mas a Polo acredita haver outras sinergias como por exemplo no relacionamento com fornecedores ou na redução do custo de funding.
Hoje, Mater Dei e Kora negociam com desconto de aproximadamente 47% para a Rede D’Or. Com a fusão, diz a Polo, esse desconto poderia cair para 25% e a nova companhia seria avaliada em R$ 22,8 bilhões — nesse patamar, o potencial de valorização superaria 70%.