Os mercados estão tão loucos que, desde que pediu recuperação judicial em 22 de maio, a Hertz viu sua ação sair de US$ 0,56 para US$ 5,53, antes de fechar ontem a US$ 2,06.

A companhia não está dormindo no volante: quer aproveitar o preço da ação inexplicavelmente alto para levantar algum capital.

A empresa está pedindo ao juiz da sua RJ autorização para vender até 246,8  milhões de novas ações, aproveitando-se de “uma oportunidade única” para levantar capital a termos mais favoráveis, nas palavras dos seus advogados, segundo a Bloomberg.

Se a ação voltasse a US$ 4 — o que a essa altura parece improvável — a Hertz poderia levantar quase US$ 1 bilhão com o follow-on. 

Jared Ellias, um professor de direito da Universidade da Califórnia, disse ao The Wall Street Journal que estudou centenas de processos de recuperação judicial e nunca viu uma empresa no início do Chapter 11 tentar levantar recursos na forma de equity. 

“A Hertz olha para os mercados e vê um grupo de traders irracionais que estão comprando sua ação, e a resposta para isso é tentar vender papel para essas pessoas com a esperança de levantar algum dinheiro para financiar sua reestruturação,” disse ele ao jornal. 

Para ganhar fôlego, a Hertz  também está pedindo ao juiz permissão para sair de contratos de leasing de 144 mil carros (cerca de um quarto de sua frota nos EUA), o que poderia lhe gerar uma economia mensal de US$ 80 milhões. 

Em outra frente, a empresa está tentando convencer a Bolsa de Nova York a não deslistar sua ação. No final de maio, quatro dias depois da Hertz entrar em recuperação judicial, a NYSE enviou uma notificação de deslistagem à companhia, que está apelando da decisão. 

No pedido de autorização da oferta, a Hertz garantiu ao juiz que deixará claro aos potenciais investidores que “as ações [vendidas] podem, no fim das contas, não valer nada.”

Se eles vão escutar, é uma outra história.