Tentando por fim a um inferno astral que já dura um ano, a Hapvida acaba de levantar R$ 1,060 bilhão num follow-on que deve fechar o capítulo mais turbulento da história da companhia desde seu IPO cinco anos atrás.
A oferta saiu a R$ 2,68/ação, um prêmio de 1,15% em relação ao fechamento de ontem e de 22% em relação ao valor do lançamento da oferta.
Liderados pela família Pinheiro, que tem 36% do capital, os atuais acionistas aderiram em massa à chamada oferta prioritária, que lhes dá o direito de acompanhar a oferta na proporção de sua participação.
Os atuais acionistas exerceram 76% de seus direitos de subscrição, deixando apenas 24% das 396 milhões de ações disponíveis para o mercado.
A demanda por esta tranche não-prioritária foi de mais de 10x a quantidade de papel ofertada. Cerca de metade dos papéis ficaram com investidores estrangeiros, e metade com gestoras locais.
A demanda veio 45% de fundos long only e 55% de hedge funds.
O follow-on de hoje remove as dúvidas sobre a estrutura de capital da empresa, e vem depois da família Pinheiro injetar R$ 1,25 bilhão na companhia com uma operação de sale leaseback envolvendo 10 hospitais.
A implosão da ação da Hapvida ao longo do último ano – que fez um papel que negociava ao redor R$ 10 mergulhar abaixo de R$ 2 em um dado momento – destruiu a performance de amplos setores do buyside, que tinham a ação da companhia como uma de suas principais posições, apostando nas sinergias da fusão com a Intermédica.
Uma das principais críticas dos investidores à empresa tem sido a falha na comunicação, com o management prometendo uma coisa e entregando outra.
Segundo uma fonte a par do assunto, mais do que só levantar o dinheiro, o roadshow da oferta ajudou a “passar a régua do que vai ser essa nova empresa. O Jorge [Pinheiro] conseguiu se articular bem e se comprometer só com o que pode entregar.”
Assumindo uma estimativa conservadora de R$ 2,5 bi de EBITDA para este ano – comparado aos R$ 3 bi do consenso Bloomberg – o papel já está negociando a cerca de 10x EV/EBITDA, em comparação às 9x da Rede D’Or.
Os coordenadores da oferta foram Bank of America, UBS BB, BTG Pactual e Itaú BBA.