Em uma carta aos cotistas, a Squadra Investimentos comentou sobre o investimento que mantém na GPS, a empresa de terceirização de serviços de limpeza e segurança.

“À primeira vista, GPS não atrai grande empolgação”, escreve a gestora: “Ainda mais em tempos de blockchain, software as a service, inteligência artificial… Gerir quase 150.000 funcionários em um País conhecido por ter uma das legislações trabalhistas mais complexas e hostis ao empresário em todo o mundo? Entendemos o frio na barriga.”

Mas a Squadra disse que foi atraída pela cultura, o alinhamento e o modelo de gestão, que criam  “vantagens competitivas duradouras.”

“Uma verdadeira cultura de dono é algo que muitas companhias almejam, mas pouquíssimas conseguem implementar. Menos empresas ainda conseguem mantê-la por muito tempo, pois seu sucesso depende não só de uma visão clara, mas de um nível de consistência e disciplina em uma intensidade quase sobre-humana.”

A Squadra disse que, assim como seu investimento mais antigo, a Equatorial Energia, a GPS possui essa “cultura de dono”, um ativo raro e que proporciona “uma série de pequenas vantagens competitivas” que vão surgindo, se retroalimentando e potencializando a oportunidade de aplicar seu modelo de gestão na consolidação da indústria.

“A GPS possui o maior faturamento do setor, margem operacional mais elevada, melhor retorno sobre capital investido, inigualável competência na integração de aquisições e um controle operacional invejável a partir do seu sistema de gestão proprietário,” diz a carta. Esse alinhamento cultural se dá entre todos os níveis gerenciais, começando por controladores, conselheiros e C-level.

Mesmo com um histórico de aquisições em sequência, a GPS é uma companhia verdadeiramente integrada e não o conhecido “saco de gatos”, uma realidade bastante comum em IPOs, disse a Squadra.

A gestora de Guilherme Aché investiu na GPS em seu IPO, em abril de 2021, e desde então vem aumentando sua participação na empresa; a gestora não informa o tamanho da posição.

O maior risco para o investimento é justamente a deterioração da cultura de dono: “Dada a natureza subjetiva dessa variável, não existe um dado único para se observar” no acompanhamento e análise do investimento.

Entre participações próprias e um managed account do CPPIB, a Squadra tem mais de 10% da GPS.  O CPPIB montou a posição no block trade de abril de 2022 em que Gávea a Warburg Pincus venderam parte de suas posições.

A companhia vale R$ 11,6 bilhões na B3 e negocia a 14,5x o lucro esperado para o ano que vem — mas o consenso de mercado tende a subestimar o valor da empresa porque é difícil colocar na conta os M&As que acontecerão bem como a integração dos ativos.

A GPS tem comprado empresas com margem EBITDA de 4-5%, comparado à sua margem de 10-11%.

Ela tipicamente paga múltiplos de 6-7x EV/EBITDA e 12-13x lucro — em linha com seus próprios múltiplos em Bolsa — mas tem conseguido dobrar a margem EBITDA dos ativos adquiridos.