A Embraer estuda desenvolver uma nova aeronave comercial de grande porte para competir com a Boeing e a Airbus — entrando num mercado muito maior e com rentabilidade mais atraente do que seus jatos regionais.

A notícia foi dada em primeira mão pelo The Wall Street Journal, citando fontes próximas à empresa.

A Embraer confirmou a informação ao Brazil Journal, dizendo que os estudos ainda estão em fase inicial e que uma definição ocorrerá só no final de 2025.

O avião competiria diretamente com o sucessor do Boeing 737 MAX e com o A320 da Airbus — uma categoria-chave para as duas companhias.

Hoje a Embraer opera apenas com as chamadas aeronaves regionais e as small narrow-body, que têm menos assentos que as narrow-body padrão e são usadas principalmente para voos de menor distância.

O maior modelo da Embraer hoje, o E2-195 — que entrou em operação em 2018 — tem 146 assentos, em comparação aos 172 da menor aeronave de narrow-body da Boeing, o 737 MAX 7.

Francisco Gomes NetoNuma entrevista recente ao Brazil Journal, o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, disse que os aviões ‘narrow-body’ são o “filé mignon” do setor, por terem uma rentabilidade melhor e demanda mais robusta.

Na entrevista, Francisco já havia dito que a companhia estava fazendo “estudos de mercado” para um avião desse perfil, ainda numa fase preparatória.

Embora os estudos sejam iniciais, o The Wall Street Journal disse que a Embraer já está fazendo avaliações técnicas e sondando potenciais parceiros financeiros e fornecedores para o projeto — incluindo o fundo soberano da Arábia Saudita e fabricantes da Turquia, Índia e Coréia do Sul.

Se sair do papel, o projeto será uma aposta arriscada para a Embraer: programas de novas aeronaves normalmente consomem dezenas de bilhões de dólares no período de desenvolvimento e podem levar décadas para entrar no mercado (e algumas vezes, sequer entram).

Os estudos da Embraer vêm num momento em que a Boeing enfrenta uma crise de imagem histórica, desde que um 737 MAX operado pela Alaska Airlines perdeu um painel de fuselagem em pleno voo.

O acidente fez com que as agências americanas que regulam o setor impusessem uma série de limitações às fábricas da Boeing, e levou à renúncia do CEO David Calhoun, que vai deixar a empresa no final do ano.

A Boeing ainda não tem um plano de como substituir sua linha 737, e tem dito apenas que poderá lançar uma nova aeronave na metade da próxima década.

A Embraer ainda é pequena comparada à Boeing e à Airbus. No ano passado, a empresa brasileira entregou 181 aeronaves em comparação a 528 da Boeing e 735 da Airbus. Uma aeronave narrow-body, no entanto, poderia colocar a fabricante num outro patamar.

 

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