A Amazon deveria comprar a Netflix?
Respondendo a essa pergunta, quatro alunas de economia e administração da FEA-USP conquistaram o segundo lugar numa competição global da Harvard Business School — que teve a participação de mais de 160 equipes de todos os continentes, incluindo alunos do MIT, London Business School, Harvard e Johns Hopkins University.
A Global Case Competition é um desafio anual que reúne alunos de graduação, mestrado e cursos de MBA de todo o mundo em torno de um case de negócios, em geral uma potencial aquisição.
As teses dos estudantes são avaliadas por professores da HBS, profissionais de gestoras de investimentos e consultorias como a McKinsey.
“O objetivo é fazer uma análise do setor, das duas empresas, do fit estratégico e depois montar o deal: como ficaria a estrutura acionária, qual seria o preço etc”, Isabella Fonseca, uma das integrantes da equipe e estagiária na APEX Capital, disse ao Brazil Journal.
Caso a resposta fosse negativa, o grupo teria que sugerir uma outra aquisição que fizesse sentido para a Amazon.
A equipe brasileira — formada também pelas estudantes Elis Cotosky, estagiária da Bain & Company; Rafaele Aoyama, analista da Oria Capital; e Stephanie Luft, que acaba de deixar a Lazard — chegou à conclusão de que a Amazon não deveria fazer o negócio.
Além de questões como sinergias e preço (elas acham a Netflix ‘overpriced’), as brasileiras concluíram que não faria sentido uma aquisição tão agressiva porque a Amazon já tem uma posição consolidada no streaming, com o Amazon Prime e a produção de conteúdos próprios de sucesso.
“Também achamos que existe um choque de cultura entre a Amazon e a Netflix. A Amazon é o que chamamos de um ‘octopus model’, um modelo com várias linhas de negócios interrelacionadas que reforçam a linha principal, que é o varejo. Já a Netflix é uma empresa de uma marca exclusiva, de um business específico, com foco em crescer no streaming.”
No lugar da Netflix, as estudantes sugeriram que a Amazon comprasse a Telesat, uma empresa canadense de internet via satélite.
“As outras big techs (Microsoft, Google e Facebook) já estão nesse segmento, então a Amazon está um passo atrás… Além disso, achamos que fazia muito sentido ela ser uma provedora de internet, já que todo o negócio dela envolve o online,” diz Isabella.
A vitória das meninas da FEA tem dupla importância.
Além de ter sido a primeira vez que uma equipe brasileira ficou entre os finalistas na competição, o fato do grupo ser formado apenas por mulheres é uma mensagem de estímulo para as milhares de estudantes começando no mercado financeiro.
“O mercado financeiro é um dos lugares onde o machismo é mais forte, e acho que essa vitória vai ajudar muitas meninas a acreditar que existe espaço para elas se destacarem,” diz Isabella.