A Eletromidia revelou o preço pago pela Globo na transação privada de 3 de agosto, quando a empresa dos Marinho comprou ações da HIG Capital e do CEO Alexandre Guerrero – a primeira de uma série de três compras até agora.

Naquele dia, a Globo comprou 9% da Eletromidia pagando R$ 22,56 por ação, um prêmio de 27% em relação ao IPO e de 29% sobre o preço de tela. 

O valor foi mantido em sigilo até sexta-feira, quando a empresa enviou à CVM seu formulário 44 – que lista as transações envolvendo os insiders da companhia – mas já vinha sendo objeto de especulação no mercado, o que fez muitos gestores questionarem a transparência do processo e a isonomia no tratamento dos minoritários. 

O problema, para os gestores, é que logo depois de anunciar a transação com a HIG em março (sem revelar o valor), a Globo organizou dois leilões para comprar mais 18% da empresa dos minoritários – um saiu a R$ 14 (em 4 de março) e o segundo, a R$ 15,50 (em 29 de agosto) – além de ter feito uma parte da posição em compras a mercado. 

Em outras palavras: a gigante de mídia pagou 61% a mais para o controlador do que os minoritários receberam no primeiro leilão, e 45% a mais que no segundo. 

Com isso, a companhia da família Marinho conseguiu fazer um preço médio de R$ 17,13. Por volta das 13:50hs, o papel negocia hoje a R$ 17,75, uma alta de 1,2%. 

Para o Itaú BBA, agora que o preço da transação privada tornou-se público, há três cenários para a ação da Eletromidia. 

O cenário ‘bull’ é a Globo decidir aumentar sua participação na Eletromidia já no curto/médio prazo. Nesse caso, ela teria que fazer uma oferta para assumir o controle por já ter 27,01% da companhia – praticamente o limite de 27,5% da poison pill. 

“Acreditamos que essa potencial oferta aconteceria a um valuation pelo menos parecido ao da transação privada com a HIG, o que seria positivo para os investidores da Eletromidia,” escreveu o analista Tiago Kapulskis. 

O cenário ‘bear’ é a Globo não fazer uma oferta ou demorar muito para fazê-la, deixando a Eletromidia com uma liquidez muito baixa. 

“Isso poderia funcionar como um ‘value trap’ [armadilha de valor] para a ação, possivelmente fazendo a Eletromidia negociar com um desconto em relação a seus fundamentos robustos.”

Já o cenário base do Itaú é, independente de uma oferta ou não, a Eletromidia e a Globo conseguirem entregar sinergias significativas ao longo do tempo. 

“Além disso, a Eletromidia poderia explorar soluções para resolver os problemas de liquidez do papel. Nesse cenário, acreditamos que a Eletromidia não vai convergir imediatamente para um valuation maior que da transação Globo/HIG, mas o preço chegaria lá com o tempo,” disse o Itaú.