A compra do BIG pelo Carrefour reenergizou o setor de supermercados, enviando várias empresas ao tabuleiro de xadrez.

Quando decidiu sair do Brasil, o Walmart tinha tido dificuldade de achar um comprador para o BIG — que melhorou suas operações consideravelmente nos últimos três anos mas continua abaixo da performance dos melhores do setor.

Mesmo assim, conseguiu ser vendido a um múltiplo alto para um player que olhou o ativo lá atrás mas não lhe havia dado valor.

A transação consolida a posição do Carrefour como líder absoluto, mas deve provocar uma reavaliação da estratégia de diversos players.

Por exemplo,o Assaí, que tem tido uma performance orgânica excepcional, vai passar a olhar aquisições com mais interesse?

O Grupo Mateus — que fez um IPO a um múltiplo alto e ainda negocia com prêmio — vai tentar botar um pé no Sudeste antes de consolidar mais o Nordeste?

E o Makro — que havia sido o pioneiro no negócio de atacarejo e recentemente vendeu boa parte de suas lojas ao Carrefour — agora é caça ou caçador?

Finalmente, o cheque feito pelo Carrefour animou a tese dos comprados em GPA.

Para eles, a transação evidenciou uma distorção entre o valor de mercado do GPA e o que o Carrefour se mostrou disposto a pagar numa operação com muito menos escala (o GPA fatura o dobro do BIG e tem um EBITDA consolidado 4,2x maior). 

Se o GPA negociasse no mesmo múltiplo pago pelo Carrefour — um EV/EBITDA de 7,5x — a rede controlada pelo Casino deveria valer R$ 30 bi.

Apesar disso, o GPA vale na Bolsa o mesmo que o BIG: cerca de R$ 7,5 bi.