A BRF está engajada em vender seu negócio de pet food, uma transação que pode chegar a R$ 2 bilhões e está sendo liderada pelo Santander.

O esforço de venda foi reportado hoje à tarde pela Bloomberg. Apesar disso, a ação da BRF fechou o dia estável a R$ 6,47.

Entre os bancos, a Nestlé é tida como o comprador mais provável, já que há poucos grupos que operam no segmento com fôlego para uma operação desse porte.

A Nestlé também já mostrou interesse pelo ativo. Em meados de 2021, ela perdeu para a BRF a disputa pelo Grupo Hercosul. Naquela ocasião, era o próprio Santander que tinha o mandato de venda da empresa gaúcha – o que explica o banco ter sido contratado agora.

A venda da divisão de pet food vai ajudar a BRF a desalavancar seu balanço. No final do terceiro tri, a dívida líquida da BRF era de R$ 14,8 bilhões, ou 3,26x o EBITDA dos últimos 12 meses.

A BRF reporta seu quarto tri amanhã depois do fechamento.

Do lado da Nestlé, o segmento de pet food foi o que teve o maior crescimento orgânico no ano passado, e é considerado estratégico para os suíços, principalmente na América Latina.

A necessidade de desalavancagem coloca a BRF em um dilema. A venda do negócio de pet food ajuda a aliviar um problema de curto prazo, mas em detrimento de uma estratégia de longo prazo numa operação que tem margens maiores.

A BRF começou a construir seu portfólio de pet food em 2021 com o investimento de R$ 1,2 bilhão na compra de dois ativos: a Mogiana Alimentos e o Grupo Hercosul.

Hoje a empresa tem 13 marcas e 10% do mercado de nutrição pet no Brasil. O segmento cresce mais de dois dígitos anualmente e movimenta perto de R$ 30 bilhões no País.

A estratégia por trás das aquisições era buscar margens maiores, menos volatilidade nos resultados, menor exposição ao ciclo das commodities e sinergia de custos, dado que parte dos insumos são originados na própria operação da companhia.

Para efeito de comparação, no terceiro tri a margem EBITDA da BRF foi de 9,8%. Já a margem do segmento de pet food ficou acima de 20%.