A BR Partners reportou um primeiro trimestre com recordes em diferentes linhas do balanço: foi o maior lucro e receita da história da companhia, e o maior ROE desde a entrada dos recursos do IPO, em 2021.

O banco de investimentos entregou um lucro líquido de R$ 49 milhões, com um ROE de 24%, em comparação ao ROE de 21,6% do tri anterior e dos 16,6% do primeiro trimestre do ano passado.

Já a receita líquida ficou em R$ 137,6 milhões, uma alta de 10,7% na comparação sequencial e de 35,5% ano contra ano.

O CEO e fundador Ricardo Lacerda disse ao Brazil Journal que o aumento do ROE teve a ver com uma atividade muito forte no mercado de capitais e em M&A.

Ricardo Lacerda 2024“No quarto tri já tínhamos mostrado uma retomada das atividades e continuamos na mesma toada neste trimestre, com o mercado de capitais ainda extremamente aquecido,” disse Lacerda.

A receita com o banco de investimento e mercado de capitais somou R$ 77,7 milhões, um crescimento de 2,9% na comparação com o quarto tri e de 68,6% em comparação ao primeiro tri do ano passado.

A BR Partners anunciou transações relevantes no trimestre, que devem se refletir nos resultados dos próximos tris: a venda pela Cemig da Aliança Energia para a Vale (uma transação de R$ 2,7 bilhões) e o follow-on do GPA que colocou R$ 700 milhões no caixa da companhia.

Esses negócios se somam a outras grandes transações recentes que a BR Partners liderou, como a compra da Amil por R$ 11 bi pelo empresário José Seripieri Filho, o Júnior, e a venda do espólio do Banco Nacional ao BTG.

A atividade de M&A deve continuar forte no segundo tri, disse Vinicius Carmona, o diretor de relações com investidores, apesar da mudança de humor do mercado com juros nos EUA e incerteza fiscal no Brasil.

“Apesar do pipeline robusto, essas incertezas, se persistirem, podem frustrar um pouco a atividade mais para o final do ano,” disse ele. “Empresas em processo de desalavancagem vão ter mais dificuldade ou precisar de mais tempo, e isso pode travar um pouco a atividade de M&As.”

No mercado de capitais, a performance está forte porque as empresas estão captando “onde tem dinheiro,” disse Vinicius.

“Como o ECM está fechado, tem muitas empresas captando via mercado de dívida,” disse ele, acrescentando que a maioria das captações ainda é para renegociar ou reperfilar dívidas e para o desenvolvimento de projetos imobiliários e corporate finance.

“Para investimentos, as captações ainda estão muito tímidas. Precisamos ter um nível mais encorajador de juros para elas voltarem.”

A única vertical que caiu neste tri, na comparação sequencial, foi a de tesouraria. Depois de um quarto trimestre forte, a BR Partners viu a atividade de hedges de câmbio e commodities perder força, já que esses ativos ficaram mais estáveis no período.

Além disso, a competição em derivativos está mais agressiva, com alguns players precificando as operações com custos muito baixos, o que tem feito a BR Partners ficar de fora de algumas operações.

“Tem gente rasgando dinheiro em algumas precificação de risco dos derivativos,” disse Marcelo Costa, o CFO do banco.

Neste contexto, a receita da tesouraria caiu 21,3% na comparação com o quarto trimestre, e subiu 47,6% ano contra ano.

Na gestão de ativos — a vertical que engloba o wealth management da BR Partners, que foi lançado no final do ano passado — a receita foi de R$ 2,1 milhões. A companhia adicionou cerca de R$ 400 milhões aos ativos sob assessoria, elevando o montante para R$ 2,7 bilhões.

A BR Partners começou neste trimestre a divulgar um novo indicador: a receita líquida/managing director. Essa métrica, muito comum entre os bancos de investimento americanos, mostra a eficiência da operação e ficou em R$ 9,7 milhões neste trimestre.

Vinicius disse que a média de IBs americanos é de cerca de US$ 2 milhões, em linha com o número da BR Partners.

No quarto tri, esse número estava maior, em R$ 12,4 milhões, mas a BR Partners tinha dois MDs a menos. No início do ano, o banco promoveu Rodrigo Moraes, o CIO do Wealth, e Fabiana Balducci, que cuida da área de reestruturação, elevando o número de MDs para 10.

A companhia também elevou sua partnership para 36 membros, promovendo 10 executivos a sócios.

O banco de investimentos anunciou ainda que vai distribuir R$ 31 milhões em dividendos, um payout de 63% do lucro do período.