O banco digital alemão N26 decidiu abandonar o Brasil, exatos dois anos e três dias depois de sua estreia. 

Após negar que chegou no fim da festa das fintechs, o banco digital acaba de informar aos seus funcionários sobre a decisão. O motivo, segundo a empresa, é a volta do foco para o crescimento no mercado europeu.

O N26 vinha tentando buscar uma capitalização para manter a operação brasileira. Em uma nota ao Brazil Journal, a empresa admite que também considerou vender a operação, mas optou pela saída.

“Consideramos diversas opções para a operação brasileira. No fim, por causa da decisão estratégica de focar nos mercados-chave europeus, nossos esforços estão concentrados em solidificar a nossa posição como líder entre os bancos digitais da Europa.”

A visão de parte do mercado é que a saída do N26 não é uma surpresa, e que ele não será o único derrotado nessa história. 

A leitura é que houve o surgimento de muitos bancos digitais sem grandes diferenciais entre si – e os investidores passaram a querer distância desse mercado, que já tem competidores do porte de Nubank e Inter, fora os grandes bancos. 

“O Brasil já tem um mercado muito consolidado e não adianta vir para cá e investir pouco. Crescer aqui não é a mesma coisa que crescer em um país pequeno da Europa,” disse o CEO de um grande banco digital. O N26 atua em 24 países da Europa. 

A saída do Brasil também marca a falha do banco digital em se consolidar fora da Europa. Além do Brasil, o N26 tentou entrar no mercado americano em 2019, mas decidiu descontinuar a operação dois anos depois.

Por lá, a empresa conseguiu 500 mil clientes. Aqui no Brasil, mal passou de 200 mil. Em entrevista recente ao Brazil Journal, o então CEO Eduardo Prota disse que havia 800 mil pessoas na fila de espera – mas não houve tempo (nem dinheiro) para conseguir escalar a operação.

O ocaso da N26 é mais um exemplo do inverno das startups, com os juros em alta em todo o mundo e a cobrança de resultados virando praticamente lei para se levantar mais investimentos.

O N26 foi um dos bancos que mais sofreram com isso. 

Em abril, o Financial Times publicou que a Allianz SE, um dos principais acionistas do N26, queria vender uma fatia na fintech a um valuation de US$ 3 bilhões – um desconto de 68% em relação aos US$ 9 bilhões da última rodada realizada pelo banco no fim de 2021 – mas não conseguiu.