Mais um ano e mais uma onda de especulações sobre uma possível compra da Netflix pela Apple.
Desta vez, foi o JP Morgan que resolveu mostrar a lógica do negócio.
Num relatório divulgado hoje, o banco disse que, com quase US$ 250 bilhões em caixa e uma dívida sob controle, a Apple deveria comprar uma empresa de entretenimento e conteúdo.
A produtora de games Blizzard e a fabricante de home speakers Sonos poderiam fazer sentido, mas para Samik Chatterjee, o analista do JP Morgan, a empresa que melhor casaria com a estratégia da Apple seria disparado a Netflix.
Em janeiro do ano passado, o Citi havia feito uma previsão semelhante. Na época, os analistas do banco disseram que havia uma chance de 40% do negócio sair do papel.
“Com sua posição de liderança em smartphones e a rápida transição do consumo de vídeo para o mobile, acreditamos que a Apple conseguiria tirar sinergias [da operação]”, Chatterjee explica no relatório. “A Netflix tem uma plataforma já consolidada que impulsionaria os investimentos nascentes da Apple na produção de conteúdo.”
As novas especulações vem num momento em que a Apple sofre com a queda nas vendas de seus Iphones e em meio a iniciativas da empresa para dar tração a sua divisão de serviços e desenvolver sua própria plataforma de streaming.
Há uma semana, o The Information reportou — citando fontes a par do assunto — que a companhia de Tim Cook deve lançar seu streaming de vídeos já no primeiro semestre deste ano, provavelmente em abril.
Para Chatterjee, no entanto, começar do zero seria um erro.
“O mercado de streaming de vídeo é extremamente competitivo, com empresas tradicionais e estabelecidas, assim como novos entrantes lutando de forma agressiva pelas assinaturas, o que deve tornar difícil escalar qualquer nova plataforma para competir efetivamente”.
Segundo o analista, além de ser a maior do setor, a Netflix possui algumas características que tornam o match perfeito.
A Netflix é um agregador de conteúdo, ao invés de uma empresa tradicional de mídia; possui um modelo de assinatura que combina com o modelo de receitas com serviços da Apple; e seria um alvo mais fácil de aquisição do que outras plataformas, como a Hulu e a Amazon Prime.
Para que a transação acontecesse, no entanto, Chatterjee afirma que a Apple provavelmente teria que pagar um prêmio alto pelo controle.
A estimativa é que a empresa precisaria pagar um prêmio de cerca de 20% sobre a cotação atual da Netflix, desembolsando US$ 189 bilhões para levar a empresa de streaming para casa — algo bem distante das aquisições anteriores da Apple.