A ação da Ambipar Response deve começar a negociar na Bolsa de Nova York com um valor de mercado que sugere uma larga possibilidade de arbitragem de valor em relação à sua controladora, a Ambipar.

No fechamento de ontem, o papel da HPX Corp. – que se tornará a ação da Ambipar Response na segunda-feira – negociava a US$ 17,36, dando à companhia um valor de mercado de US$ 962 milhões ou R$ 5 bi no câmbio Lula de R$ 5,20.

Como a Ambipar tem 71% da Ambipar Response, apenas a sua participação na companhia valeria R$ 3,55 bilhões, enquanto a empresa toda está sendo negociada na B3 por R$ 2,2 bi.

Em outras palavras: ao comprar a Ambipar na B3, o investidor leva a Response com desconto e ainda recebe 100% da Ambipar ESG, o negócio de gestão de resíduos para empresas.

É fato que o papel tem tido uma volatilidade boçal nos últimos dias e ainda não se estabilizou – no pre-market de hoje, a queda era de 20% – mas dada a boca de jacaré entre os dois valores de mercado, mesmo que o papel da Response volte a US$ 10 (o preço original do SPAC), o espaço para arbitragem continuará existindo.

No Brasil, a Ambipar negocia perto da mínima histórica, a 5,9x EV/EBITDA.

Na quarta-feira, a ação da Ambipar Response subiu mais de 170% depois que a assembleia de acionistas aprovou a fusão do SPAC HPX Corp. com a Response, até agora uma subsidiária 100% controlada pela Ambipar.

Analistas e operadores de mercado não viram muito sentido nesse price action, dado que a aprovação do negócio já era esperada. Ontem, o papel começou a corrigir e fechou em queda de 36%.

Nesse preço, a Response está negociando a um múltiplo de 9,5x o EBITDA estimado para este ano, um desconto em relação a seus peers.

Companhias de serviços ambientais como a Waste Connections, Clean Harbors, Waste Management e Republic Services negociam a uma média 12,4x o EBITDA para este ano.

A Response recebe uma mensalidade para estar de prontidão para clientes e cobra quando há uma emergência. A companhia também vem crescendo muito na manutenção de equipamentos sensíveis para clientes industriais como mineradoras e petroquímicas.

Ao fazer o negócio com o SPAC e listar a Response nos EUA, a ideia da Ambipar era destravar valor em sua ação, acessando um mercado que oferece múltiplos maiores e custo de capital menor.

O deal com o SPAC foi anunciado em julho, e a Response dobrou de tamanho em setembro com a compra da Witt O’Brien’s (WOB), uma companhia americana de gerenciamento de crises e emergências.

Hoje, a Response tem 30% do resultado no Brasil e 70% fora – sendo 52% na América do Norte. Analistas estimam que, depois da WOB, a Response terá receita anual de cerca de R$ 2,7 bi e EBITDA de pouco mais de R$ 700 milhões.

Além da própria Ambipar, a valorização da empresa beneficia a HPX Capital Partners – a sociedade entre Rodrigo Xavier, Carlos Piani e Bernardo Hees, que patrocinou o SPAC e deve continuar buscando oportunidades no mercado – bem como investidores que acreditaram no negócio e investiram US$ 168 milhões no PIPE: fundos geridos pelo Opportunity, XP e Constellation.