A Alliança — anteriormente conhecida como Alliar — reportou um primeiro trimestre recorde, refletindo pela primeira vez a reestruturação operacional que a rede de medicina diagnóstica iniciou em meados do ano passado.

A companhia entregou uma receita bruta de R$ 311 milhões — a maior para um trimestre de sua história — e um EBITDA ajustado de R$ 63 milhões, o maior para um primeiro tri.

Os indicadores cresceram 11% e 24%, respectivamente, na comparação anual. 

10310 ec0ac45c cb5f 0005 0000 ff0ae7daadf2O crescimento do top line veio mesmo com a empresa reduzindo seu número de laboratórios nos últimos doze meses, com o fechamento líquido de duas unidades. 

No período, a Alliança também não fez nenhum M&A.

“Esse crescimento veio de um aumento de produtividade,” o CEO Pedro Thompson disse ao Brazil Journal. “Nosso índice de no-show nos agendamentos caiu 40% no último ano, melhoramos nossa tabela comercial mesmo num cenário adverso para as operadoras, e aumentamos em 3x nosso time de visitação médica.”

No último ano, a Alliança também otimizou as agendas de horários em unidades que tinham uma demanda reprimida. Em João Pessoa, por exemplo, a empresa passou a atender 24 horas por dia, sete dias por semana. Em São Bernardo, Tatuapé e Belém, a Alliança também expandiu seus horários.

“Estamos fazendo mais de 30 ressonâncias magnéticas por dia em João Pessoa,  um número muito alto,” disse Thompson.

A Alliança também comprou 50 equipamentos de ultrassom para aumentar a oferta de um exame que tem pouca disponibilidade em boa parte dos laboratórios. 

“A margem do ultrassom não é boa, mas tem uma demanda muito grande porque precisa de um médico na ponta. Além disso, tem um potencial cross sell: o cliente que marca ultrassom vai querer fazer os outros exames no mesmo lugar,” disse o CEO.

Outra medida foi internalizar as análises clínicas, que até pouco tempo eram feitas por uma empresa terceirizada de um dos fundadores da companhia. Segundo Pedro, o custo que essa empresa cobrava era alto e o nível de serviço, ruim. 

“Com a mudança, o custo unitário de um hemograma caiu 14% e ele está ficando pronto em até 24 horas. Antes, em algumas regiões, demorava 72 horas para ficar pronto.”

Segundo o CEO, cerca de um terço do crescimento da receita no trimestre veio do aumento dos preços, com os reajustes na tabela de diversos procedimentos. O restante veio dos ganhos de produtividade. 

A Alliar começou seu turnaround em meados do ano passado, depois que o empresário Nelson Tanure assumiu o controle da empresa e nomeou Thompson CEO. De lá para cá, o executivo já trocou todo o C-Level e reduziu o headcount em 14%.

Mas o maior problema que a companhia ainda precisa endereçar é sua alavancagem, que fechou o primeiro trimestre em 4,5x EBITDA — uma queda marginal de 0,1 ponto em relação ao tri anterior.

A Alliança tem uma dívida bruta de R$ 1,04 bilhão para um caixa de R$ 157 milhões. As despesas financeiras somaram mais de R$ 50 milhões no trimestre e consumiram todo o lucro da companhia. A empresa reportou um prejuízo de R$ 33,7 milhões. 

“Essa é uma pauta prioritária minha, mas enquanto não tiver a OPA, estamos meio travados para fazer qualquer movimento que melhore a estrutura de capital,” disse Thompson.

Tanure foi obrigado a fazer uma OPA depois que comprou 63% do capital, já que a Alliança tinha uma cláusula de tag along.

Segundo Thompson, a OPA deve acontecer até o fim de junho.