A Adaggio acaba de comprar ou licenciar o catálogo de três artistas icônicos da cultura brasileira: Dado Villa-Lobos, o guitarrista do Legião Urbana; Jorge Aragão, um dos grandes nomes do samba; e Délcio Luiz da Silveira, autor de hits do Molejo como “Brincadeira de Criança” e a “Dança da Vassoura.”
As compras e licenciamentos seguem a estratégia da gestora — especializada em direitos autorais de música — de construir um portfólio “resiliente ao tempo”.
Com essas três transações, a Adaggio já alocou 60% dos R$ 60 milhões que ela levantou há seis meses. No total, o acervo da gestora — entre licenciamentos e catálogos — já tem mais de 10.000 obras.
A Adaggio compra esses catálogos e recebe royalties cada vez que as músicas são tocadas nas plataformas de streaming ou em execuções públicas — na rádio, num show ou numa propaganda, por exemplo.
João Luccas Caracas, o DJ-CEO da Adaggio, diz que está tentando construir um portfólio eclético, mas com uma nota em comum: as músicas têm que se mostrar resilientes e atemporais, ou então estar numa trajetória ascendente.
“As músicas que depois de 30-40 anos ainda tocam muito provavelmente vão continuar tocando por mais 30-40 anos,” ele disse ao Brazil Journal.
Esse tipo de aposta é baseada no que a literatura chama de Lindy effect, a tese segundo a qual a expectativa de carreira para um artista é proporcional ao tempo de exposição que ele teve até agora, dividido pela metade. A tese foi criada pelo biógrafo Albert Goldman em 1964 e mais tarde provada matematicamente por Benoit Mandelbrot.
Além dos artistas anunciados hoje, a Adaggio já havia comprado os catálogos de nomes como Haroldo Lobo, o sambista carioca morto em 1965 e cujas marchinhas tocam até hoje, como “Índio quer Apito” e “O Sanfoneiro só tocava isso”; e Paulinho Rezende, que compôs sucessos gravados por Zeca Pagodinho, Alcione e Chitãozinho e Xororó.
Na música eletrônica, a Adaggio comprou direitos do duo Felguk, que já fez remixes para artistas como Madonna e The Black Eyed Peas.
Outros nomes de peso no portfólio da gestora incluem Toni Garrido, da banda Cidade Negra; Dinho, o principal compositor dos Mamonas Assassinas; e Rodrigo Reys, o compositor sertanejo que tem diversas músicas nos Top 50 do Spotify, incluindo “Baby, me atende.”
A Adaggio já está conversando com bancos e investidores institucionais para levantar uma dívida estruturada — usando o portfólio atual como colateral — e assim aumentar seu poder de compra.