A Parfin — uma startup de infraestrutura para a web3 — acaba de fechar uma rodada liderada pela Framework Ventures, uma das principais gestoras do Vale do Silício quando o assunto é o universo cripto.
A Framework tem US$ 1,4 bi em ativos alocados em startups de cripto/blockchain.
A captação, de US$ 15 milhões, também teve a participação da L4 Venture Builder, o recém-criado fundo de corporate venture capital da B3. A Parfin é o primeiro investimento de cripto do L4, que tem R$ 600 milhões para buscar startups no mercado financeiro.
A Valor Capital e a Alexia Ventures, que já eram investidores da Parfin, acompanharam a rodada.
Marcos Viriato, que foi por anos sócio do BTG e head de tecnologia, e Alex Buelau, um programador brasileiro que fez sua carreira em Londres em multinacionais como a Siemens – se uniram para fundar a Parfin em 2019.
Os dois se conheceram em julho daquele ano, quando Marcos passava uma temporada em Londres.
“Vimos que o mercado financeiro eventualmente acabaria adotando cripto e usando blockchain para tokenizar os ativos,” Marcos disse ao Brazil Journal. “E o Brasil era um mercado onde ninguém estava fazendo isso e com um potencial enorme. A população é muito grande e gosta de tecnologia, e a regulação é favorável também.”
A Parfin já tem três produtos sendo comercializados.
O primeiro é o que ela chama de ‘cripto as a service’, que tem a própria B3 como cliente.
Basicamente, seu API se conectou a 20 exchanges diferentes, permitindo que qualquer banco ou corretora ofereça a negociação de criptomoedas dentro de suas plataformas.
“Os bancos têm flexibilidade para escolher com quais exchanges querem operar. Com base nisso, vamos sempre pegar o melhor preço dentre todas as corretoras conectadas e oferecer pra eles,” disse Marcos.
O segundo produto é uma solução de custódia que permite a corretoras, bancos e investidores institucionais manter as criptomoedas compradas nas exchanges numa custódia externa — evitando os riscos de uma situação como a da FTX.
“Se você deposita criptomoedas numa exchange, eles mandam para uma carteira centralizada onde fica tudo misturado,” disse Alex, o CTO da startup. “Com a custódia você segrega, é uma camada de segurança a mais.”
O terceiro produto acaba de ser lançado: uma rede blockchain permissionada privada, batizada de Parchain.
Em termos simples, a Parchain fornece a infraestrutura necessária para as empresas tokenizarem qualquer tipo de ativo, garantindo privacidade e custos menores, disse Marcos.
Hoje, quando uma empresa como a Vórtx tokeniza uma debênture, por exemplo, ela tipicamente usa uma blockchain pública.
O problema disso “é que na rede pública qualquer um pode ver as transações que são feitas, inclusive o concorrente dela. Além disso, a rede privada tem um custo muito mais baixo porque não cobra custo por transação,” disse Alex.
Segundo ele, a blockchain permissionada da Partin também garante interoperabilidade com outras redes privadas e públicas. Ou seja: elas poderão mandar os tokens para outras redes blockchains.
A Parfin tem cerca de R$ 500 milhões de ativos sob custódia, dos quais R$ 200 milhões vêm do serviço de cripto as a service e o restante da parte de tokenização. A remuneração da startup é basicamente por meio de fees.
A rodada da Parfin vem num momento em que o mar não está pra peixe no mundo cripto — com o caso FTX dando mais um banho de ceticismo em todo o setor.
“Ano passado foi um ano muito difícil e a história da FTX poderia sim ter atrapalhado a rodada,” disse Marcos. “Mas os nossos investidores estavam muito confiantes na tecnologia e, na realidade, nossas soluções ajudam a mitigar casos como a do FTX, dando uma maior diversificação e controle de risco.”