O J. Safra Real Estate — o braço imobiliário da família Safra — acaba de comprar o Faneuil Hall Marketplace, o complexo comercial icônico de Boston que atrai milhares de turistas todos os anos. 

O valor da aquisição não foi divulgado, mas o Safra está comprando o ativo da Ashkenazy Acquisition, que adquiriu o contrato de leasing para operar o mercado há 13 anos, pagando US$ 140 milhões à época. 

O Faneuil Hall se junta a outras duas propriedades icônicas adquiridas pela família. Em 2014, José Safra pagou estimados £ 700 milhões pelo edifício Gherkin, o prédio em Londres que lembra um ovo Fabergé gigante. Três anos antes, os Safra pagaram US$ 285 milhões por diversos andares do 660 Madison Avenue; o prédio era ancorado no térreo pela Barneys antes da varejista quebrar.

O complexo de 34 mil metros quadrados é um centro de alimentação e varejo. Os restaurantes ficam no Quincy Market, no centro do complexo, enquanto as lojas ficam em dois corredores laterais: o North e o South Market. Há ainda um anexo que abriga uma loja da Sephora. 

Já o Faneuil Hall — o prédio histórico adjacente ao complexo e que abriga um museu e um espaço de eventos — não faz parte da transação. 

O complexo fica no centro de Boston, bem em frente ao prédio da Prefeitura. 

Uma fonte familiarizada com a transação disse que o ativo vai requerer um turnaround operacional, incluindo uma reforma, uma revisão do mix de lojas e uma renegociação com a Prefeitura. 

Segundo a imprensa local e especializada, a Prefeitura de Boston e alguns dos inquilinos estavam insatisfeitos com a gestão anterior do complexo , com reclamações constantes de maus cuidados e falta de manutenção.

Outra reclamação tem a ver com a escolha dos inquilinos; a prefeitura preferiria que o local abrigasse mais comércios e restaurantes locais em vez de grandes redes nacionais.

Numa entrevista recente, a prefeita Michelle Wu disse que olha para a área todos os dias, “direto da minha janela, e às vezes é doloroso.”

“Muitas vezes, o Faneuil Hall Marketplace é a primeira experiência que as pessoas de outros países têm de Boston, e temos o potencial de mostrar o talento, a diversidade e os sabores locais dos nossos negócios e empreendedores.”

O contrato de leasing do complexo data de meados dos anos 70, quando o Faneuil Hall foi remodelado para se tornar um destino turístico. O contrato tem duração até 2074, com o operador pagando simbólicos US$ 10 por ano à Prefeitura, além de um pagamento a título de impostos que gira em torno de US$ 2 milhões. 

Dadas as características do contrato, a Prefeitura não tem muito poder de influenciar as decisões do operador, o que gerou os conflitos recentes entre o município e a Ashkenazy, segundo o site Boston.com.

Arthur Jemison, o diretor da Boston Planning & Development Agency, disse ao site que a transação com o Safra vem depois de uma “série de conversas muito francas” entre seu time e a Ashkenazy sobre a necessidade de fazer grandes melhorias no complexo. 

Ele disse ainda que, pelas conversas que teve com o Safra, o novo proprietário parece ser mais flexível para trabalhar com as autoridades municipais do que o Ashkenazy. 

Um relatório do BPDA identificou que será necessário investir mais de US$ 45 milhões em reparos e upgrades no espaço — desde a correção de tijolos soltos e granito rachado até a instalação de corrimãos e novos equipamentos elétricos. 

Um broker disse ao Boston.com que arrumar o Faneuil Hall Marketplace não será uma tarefa fácil. “É como resolver um cubo mágico, tornado ainda mais difícil pelo fato do tráfego dos escritórios na região central ainda não ter voltado aos níveis pré-pandemia.” 

O Safra disse que está ansioso para trabalhar com as autoridades municipais para “continuar com a emoção, o orgulho e o sucesso desse destino de classe mundial.”