24 de mar, 2023
Rogério Xavier, sócio da SPX Capital, afirma que insistir na meta de inflação “irreal” de 3% é um equívoco que vai custar caro. O Brasil, em sua opinião, precisa ter uma gordura para acomodar a alta de preços, dando mais flexibilidade para a política monetária. “O BC está dizendo que vou carregar uma taxa real de 8% num horizonte de dois anos”, afirma o gestor. “Isso em um contexto de canais de crédito obstruídos no exterior e no Brasil.” Xavier pondera que não defende que “a meta vá para 4% e o BC corte os juros, não é isso”. Mas, diz ele, a atual meta “não será alcançada” e é preciso haver uma meta mais realista, com a qual seja possível enxergar “algum caminho para cortar juros”. E questiona: “Vamos ficar reféns desse engessamento?”
Xavier lembra que a média da inflação na gestão de Roberto Campos Neto foi de 6%, e as expectativas de mercado para os próximos anos convergem para 4%. Para ele, o risco fiscal não justifica o atual nível de juros. “Estamos projetando um déficit primário próximo de zero para este ano.” Com os juros no alvo das críticas do PT, Xavier diz ser “capaz de apostar que um dos dois não termina o mandato, ou o presidente do BC ou o ministro da Fazenda, porque um dos dois serão colocado no corner”. Enquanto isso, diz Xavier, o Federal Reserve sinalizou na última semana que vai priorizar financial stability e não price stability neste momento. Isso significa que poderá pausar os juros eu sua próxima reunião.