Julian Robertson — que fundou a Tiger Management e foi um dos gestores de hedge fund mais bem sucedidos das últimas décadas, influenciando uma geração — morreu hoje de complicações cardíacas em sua casa em Manhattan.
Ele tinha 90 anos.
Robertson fundou a Tiger em 1980, aos 48 anos, com apenas US$ 8,8 milhões.
No auge, em 1998, a gestora chegou a bater US$ 22 bilhões em ativos sob gestão — na esteira de um retorno anual médio de impressionantes 32%.
Mas o maior legado de Robertson talvez seja a legião de investidores que ele treinou e incentivou ao longo de sua carreira — muitos dos quais são mais conhecidos hoje do que seu próprio mentor.
As mais de 30 gestoras fundadas por ex-funcionários do Tiger ficaram conhecidas como ‘Tiger Cubs’ (ou ‘os filhotes do Tiger’, numa tradução livre.)
“O verdadeiro sucesso de Robertson e da Tiger vai muito além de sua performance estelar e do tamanho de seus ativos sob gestão,” Daniel Strachman escreveu em seu livro Julian Robertson: A Tiger in the Land of Bulls and Bears, segundo a Bloomberg. “No fim das contas, o sucesso da gestora pode ser medido no legado de seus ‘Cubs’.”
Em 2003, depois de Robertson fechar seu fundo e se aposentar como gestor, as ‘Tiger Cubs’ tinham sob gestão cerca de 10% de todos os ativos alocados em hedge funds, ou 20% de toda a alocação em estratégias de long-short.
A lista inclui gestoras com estratégias e alocações diversas — de grandes hedge funds até um dos maiores fundos de venture capital do mundo (o Tiger Global) e o maior hedge fund de crypto (a Pantera Capital).
Gestores como Philippe Laffont (da Coatue Management), Daniel Sudheim (da D1 Capital Partners), Stephen Mandel (Lone Pine Capital), Chase Coleman III (Tiger Global), Dan Morehead (Pantera Capital), e Ole Andreas Halvorsen (Viking Global) — todos frequentaram a escola Julian Robertson de investimentos.
Julian Hart Robertson Jr nasceu em 25 de junho de 1932 em Salisbury, na Carolina do Norte. Seu pai, Julian Hart Robertson, era um empresário de sucesso do setor têxtil.
Robertson se formou em negócios na University of North Carolina antes de passar dois anos na Marinha dos Estados Unidos.
Em 1957, ele entrou na Kidder Peabody & Co (a empresa de investimentos vendida para a General Eletric nos anos 80), onde fez carreira e chegou a CEO da gestora de investimentos do grupo.
Ao longo de sua carreira, Robertson acumulou uma fortuna estimada em mais de US$ 4 bilhões — e ganhou fama e respeito entre seus pares.
Numa entrevista para um livro de 2010 sobre hedge funds, o lendário gestor Jim Chanos disse que se tivesse que dar seu dinheiro para algum dos gestores citados no livro, daria para Robertson. “Ele conhecia ações melhor do que ninguém,” disse ele, segundo a Bloomberg.
Robertson começou primordialmente como um investidor de ações, mas foi entrando em outras searas, ganhando dinheiro com bonds e moedas estrangeiras.
Cansado do trabalho estressante de gerir o dinheiro de terceiros, Robertson fechou seu fundo no início dos anos 2000 e transformou a Tiger Management numa espécie de ‘fundo de fundos’ que dava seed money a jovens gestores em troca de uma participação nos lucros.
“Eu não queria que o meu obituário fosse: ‘Ele morreu pegando uma cotação do iene,’” ele disse certa vez, segundo a Bloomberg.
No final, seu imenso legado será medido na moeda mais cobiçada do mundo de investimentos: o alfa gerado para investidores — por ele e seus discípulos.