No início do ano, Emilio Puschmann teve uma ideia para aumentar a penetração da Amparo Saúde, sua startup de atenção primária que atende operadoras como Amil, SulAmérica e CarePlus: lançar uma plataforma de telemedicina.
Emilio mirou no que viu e acertou no que não podia imaginar: com a pandemia, a demanda das operadoras explodiu, e as vidas credenciadas na Amparo bateram 1 milhão (90% só na telemedicina). Antes da covid, a empresa tinha 45 mil vidas.
Agora, a startup acaba de levantar R$ 25 milhões para turbinar ainda mais essa nova vertical. A rodada Série B teve a participação dos atuais investidores: o laboratório de diagnósticos Sabin e o médico e filantropo José Luiz Setúbal, irmão de Roberto Setúbal e presidente do Hospital Sabará.
Fundada em 2018 por Puschmann, um alemão que fez carreira no Barclays em Londres antes de vir para o Brasil empreender, a Amparo opera com 11 clínicas em São Paulo, Salvador e no Distrito Federal, atendendo apenas no modelo B2B. Além das operadoras de saúde, ela presta serviços para sistemas de autogestão — entre eles o da Petrobras.
A capitalização vai permitir ampliar a oferta de telemedicina, contratando mais médicos e enfermeiros, bem como investir na outra vertical da empresa: a chamada ‘gestão de rede integrada’, pela qual a Amparo tenta controlar custos e garantir o melhor desfecho médico aos segurados de seus clientes.
“Nossos 150 médicos são capazes de suprir a demanda atual, mas estamos com um pipeline grande de novos clientes para entrar nos próximos meses e vamos precisar aumentar muito a capacidade,” Puschmann disse ao Brazil Journal.
Hoje, boa parte dos novos clientes contrata apenas o serviço de telemedicina, que custa 10x menos que o pacote completo.
Mas Puschmann acredita que a telemedicina é uma porta de entrada, atraindo operadoras que depois podem ampliar o escopo do relacionamento — contratando também o atendimento presencial nas clínicas e a gestão de rede integrada.
A Amparo trabalha com um modelo de fee mensal: cobra de R$ 5 a R$ 10 por vida na telemedicina, e de R$ 60 a R$ 100 no pacote completo. Além disso, ganha uma remuneração variável atrelada aos resultados da carteira. A empresa faturou R$ 10 milhões ano passado, número que deve se exponencializar este ano.
Na telemedicina, a Amparo vai encontrar um segmento cada vez mais concorrido.
A Conexa Saúde, que está no mercado há três anos, acaba de levantar R$ 40 milhões numa rodada liderada pela General Atlantic e e.Bricks Ventures para entrar no segmento B2C. A startup tem mais de 5 milhões de pacientes cadastrados em sua plataforma — e 5% deles já vieram do B2C.
Diferente da Amparo, a Conexa é hoje um ‘pure play’ de telemedicina e atua em todos as etapas da saúde: da atenção primária à terciária. A Conexa atende operadoras como Intermédica e Unimed Rio, além de empresas como a BRF, que oferece o acesso à plataforma para seus funcionários como benefício.
A Conexa também tem um modelo ‘white label’: fornece a tecnologia e infraestrutura para que hospitais possam oferecer a telemedicina usando seu próprio corpo clínico.
Puschmann, da Amparo, diz que também estuda abrir sua plataforma para o consumidor final — um movimento que aumentaria significativamente seu mercado endereçável.