O Carlyle comprou 75% da Gastronomía & Negocios (G&N), o maior operador de restaurantes fast food do Chile.
A empresa é dona de quatro marcas — Doggis (de cachorro quente), Juan Maestro (de sanduíches de carne assada conhecidos no Chile como ‘lomitos’), Mamut (um ‘casual dining’ parecido com o Outback) e Tommy Beans (de comida mexicana) — além de ser a franquiada da marca americana Popeyes Lousiana Kitchen, que serve um frango frito com fama de ser melhor que o KFC.
A rede toda tem 330 lojas e um faturamento anual de US$ 150 milhões. Cerca de dois terços das lojas são franquias, e um terço são próprias.
As famílias Duch e Fuenzalida, que fundaram a G&N em 1983, continuam com 25% da empresa.
A aquisição foi anunciada em 30 de dezembro, quando o mundo estava ocupado com as festas de réveillon, e o Carlyle não divulgou o preço pago.
Há pelo menos cinco anos, os sócios da G&N estavam profissionalizando a empresa e a preparavam para uma capitalização como esta. Criaram um conselho independente e sistemas de compliance e governança. No desenvolvimento de sua plataforma de franquias, o grupo contou com a consultoria do professor Marcelo Cherto, da FGV de São Paulo.
A G&N tem pelo menos dois diferenciais atraentes. Suas marcas conseguem penetrar cidades pequenas, de 30 mil habitantes, por não usarem uma cozinha central nem dependerem de um CD centralizado, como muitas franquias o fazem. Em vez disso, as lojas da G&N pegam carona na distribuição dos grandes fornecedores, que entregam grandes volumes em supermercados e, na mesma rota, abastecem as lojas da G&N com pães e carne fresca.
Além disso, o custo de investimento numa franquia da G&N é uma fração do custo de uma franquia americana típica. Isto é particularmente importante porque o Chile está hoje num momento econômico parecido com o Brasil de seis anos atrás, quando muita gente — incluindo aposentados — resolveu empreender abrindo uma franquia.
O grupo estava em busca de um sócio financeiro ou estratégico que pudesse capitalizar a empresa com vistas a uma expansão geográfica, e a oferta do Carlyle foi a que melhor combinou preço e governança.
Este foi o primeiro investimento direto do Carlyle no Chile, onde a gestora de private equity sequer tem uma presença física. Os recursos para a transação saíram do Carlyle Peru Fund.
O Carlyle agora deve usar a G&N como sua plataforma de fast food na América Latina, onde as únicas empresas de ‘quick-service restaurants’ listadas em Bolsa são a mexicana Alsea, a Arcos Dorados (franquiadora do McDonald’s na América Latina) e a IMC, dona do Frango Assado e do Viena, entre outras marcas.
O grupo pode crescer organicamente no próprio Chile ou na Colômbia e Peru, países com os quais o Chile tem mais proximidade geográfica e cultural. Pode, ainda, continuar criando novas marcas, uma estratégia que funcionou bem no caso da Juan Maestro, um conceito desenvolvido pela G&N para vender ‘lomitos’, o sanduíche de carne assada típico da culinária chilena.
O BTG Pactual foi o assessor financeiro dos acionistas da G&N, e o escritório Russi & Eguiguren, o assessor jurídico.