A General Shopping concordou em vender 70% do Internacional Shopping Guarulhos, a joia da coroa de seu portfólio, por R$ 937 milhões (cerca de US$ 281 milhões).
O comprador foi a Gazit Brasil, a empresa de capital israelense que tem feitos aquisições oportunistas — e frequentemente caras — no mercado de shopping brasileiro.
A venda marca um ponto de inflexão para o chairman e controlador da General Shopping, Alessandro Veronezi, que luta há anos contra o alto endividamento da companhia e adiou o máximo possível a data de hoje.
O Internacional foi fundado no final da década de 80 quando Antônio Veronezi transformou seu magazine — que vendia de ferramentas a eletrodomésticos — num shopping popular, dividindo o espaço da loja e o alugando para outros varejistas. A propriedade era localizada no centro de Guarulhos, a cidade natal dos Veronezi, que cresceu dramaticamente desde então. Há três anos, a família vendeu sua outra joia, a Universidade Guarulhos, para a SER Educacional por R$ 200 milhões.
A CEO da Gazit, Mia Stark, comemorou no Linkedin os atributos da propriedade que acaba de comprar: “Controle, Localização, Visibilidade, Transporte público, Tenant Mix, Vantagens, Força – tudo em um!”
Stark pagou caro: um ‘cap rate’ de 6%, assumindo que o Internacional tenha uma geração de caixa de R$ 80 milhões/ano.
Depois da venda, a General Shopping continua dona de 10 shoppings, mas a parte mais valiosa do portfólio são os seus quatro Outlet Premium, em Brasília, Rio, Salvador e São Paulo, um modelo de negócios que tem crescido nos últimos anos apesar (e por causa) da crise. Há alguns anos, os outlets já foram objeto de interesse da Simon Properties, que agora voltou a olhar ativos no Brasil.
No mercado, a expectativa é de que a companhia use os recursos da venda para recomprar o bônus perpétuo que carrega no balanço — uma dívida cara e denominada em dólar que ameaça a companhia desde 2012. A General Shopping deve hoje cerca de US$ 300 milhões, um descasamento de moedas que pode se provar fatal na próxima crise cambial.