A Gazit Brasil, subsidiária de uma empresa global de shopping centers com uma presença ainda tímida no Brasil, acaba de colocar um pé dentro da BR Malls, a maior empresa do País em número de shoppings.
Controlada pela Gazit-Globe, do empresário israelense Chaim Katzman, a Gazit Brasil já adquiriu 5,1% do capital da BR Malls na Bovespa.
A Gazit-Globe é listada nas bolsas de Nova York, Toronto e Tel Aviv, e opera quase 600 propriedades em mais de 20 países.
A empresa tem um valor de mercado de 1,84 bilhão de dólares, ou 7 bilhões de reais num câmbio de R$3,80. Para efeito de comparação, a BR Malls vale 5 bilhões de reais na Bovespa.
Um self-made man da indústria de shoppings, Katzman começou a investir no setor nos anos 80.
No Brasil, o portfólio da Gazit é confuso e excêntrico: inclui participações minoritárias em shoppings, ‘open malls’, um shopping em construção (o Morumbi Town, que concorrerá diretamente com o Jardim Sul, um shopping da BR Malls) e 40% do imóvel que abriga o Extra Itaim, em São Paulo.
A aquisição dos 5% feita pela Gazit coloca pela primeira vez um investidor não-financeiro dentro da BR Malls (exceto pelos co-fundadores da empresa, que também vieram do setor).
Dependendo de seu apetite, Katzman poderá tentar influir na BR Malls, uma empresa de capital pulverizado e com um CEO que está no cargo desde que a companhia foi fundada em 2006.
A remuneração da diretoria da BR Malls é muito superior à de empresas concorrentes como Multiplan e Iguatemi — o que é um tópico frequente de discussão entre investidores.
No ano passado, os sete diretores estatutários da BR Malls levaram para casa 60,88 milhões de reais.
Este número se compara com os 25,8 milhões de reais que a Multiplan, controlada por José Isaac Peres, pagou a seus cinco diretores estatutários.
A geração de caixa (EBITDA) recorrente das duas empresas é parecida: 1,1 bilhão de reais na BR Malls, e 1 bilhão de reais na Multiplan.
Na Iguatemi, controlada pela família Jereissati, a remuneração global dos seis diretores foi de 12,7 milhões de reais. A empresa gera um EBITDA recorrente de 450 milhões de reais.
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Update: A BR Malls entrou em contato com a coluna. A empresa argumenta que, no cálculo da remuneração global de sua diretoria (os 60,88 milhões de reais citados), não deveriam ser considerados cerca de 22 milhões de reais que fazem parte do plano de opções de ações da empresa. Segundo a BR Malls, o valor referente ao plano de opções “não é remuneração propriamente dita.” Pelas contas da empresa, a remuneração de sua diretoria é de “cerca de 40% a mais” que a dos concorrentes. O cálculo da remuneração apresentado pela coluna está nos formulários de referência que as empresas apresentam à CVM.