A primeira venda relevante de um bloco de ações da XP desde o seu IPO atraiu novos investidores e fez alguns dos atuais dobrar a aposta — a despeito de um múltiplo esticado no curto prazo.
A oferta saiu a US$ 42,50, um desconto de 2% em relação aos US$ 43,36 do pregão anterior ao anúncio.
A demanda — 5,5x book — foi marcada por atuais acionistas do free float aumentando a posição.
Investidores brasileiros com veículos e presença fora do País ficaram com pouco mais de 25% da alocação, acima de sua participação no book, mas o grosso da alocação foi para investidores globais com perfil de longo prazo, atraídos pela perspectiva de compound growth nos próximos anos.
Um dos pockets do Capital Group foi a maior alocação, seguido de perto pela T. Rowe Price e pela Durable Capital — que ancorou o IPO.
Na oferta-base, a General Atlantic (GA) vendeu 14 milhões de ações e a XP Controle, 5,5 milhões. Com a colocação do greenshoe, a GA vendeu mais 2,15 milhões e a Controle, 825 mil. O bloco todo movimentou US$ 952 milhões.
A oferta foi feita em cima de um guidance nada menos que espetacular fornecido pela companhia na segunda-feira. O segundo trimestre deve ser o melhor da história da empresa, com a receita bruta crescendo 55% ano contra ano no midpoint do guidance.
No lucro líquido ajustado, a XP disse que espera R$ 420-520 milhões, contra R$ 228 milhões no mesmo trimestre do ano passado.
A XP vale US$ 24 bilhões e negocia a 65x seu lucro de R$ 2 bilhões estimado para este ano. “Para comprar o papel, você tem que esquecer o múltiplo deste ou do próximo ano e pensar que esse negócio pode crescer 25% ao ano por muitos anos — e hoje tá crescendo mais que isso,” disse um investidor.
A oferta veio depois de uma semana em que a companhia se engalfinhou publicamente com seu maior acionista individual — o Itaú Unibanco — numa discussão sobre conflitos de interesse mútuos. O resultado da oferta mostra que o barulho não afetou a percepção do mercado.
Depois da oferta, a participação da XP Controle — o veículo que congrega os sócios — caiu de 23,14% para 22%, enquanto a fatia da GA encolheu de 13,60% para 11%.
Coordenadores globais e joint books: XP Investimentos, Morgan Stanley, Goldman Sachs e JP Morgan.