A Vila Velha, a holding do industrial Frank Geyer Abubakir que controla a Unipar, disse que encerrou o processo de análise de propostas para uma fusão da petroquímica com outros players.
A decisão vem três meses depois da Unipar receber propostas de empresas internacionais interessadas em comprar o controle da companhia brasileira.
“As propostas não contemplavam o potencial de crescimento da companhia,” Frank disse ao Brazil Journal. “Agora vamos tirar esse potencial do papel e realizar esse valor para todos os acionistas.”
Pelo menos uma das propostas era de fusão, mas ela previa um compartilhamento de controle, “e esse é um modelo que eu entendo ser pouco eficiente,” disse Frank.
Frank controla a Unipar por meio da Vila Velha, dona de 67% do capital votante e 25% do capital total da companhia.
Agora, a Unipar vai apostar em duas estratégias: crescer por aquisições fora do Brasil e organicamente dentro do País, expandindo seu parque fabril.
“Em Cubatão, podemos aumentar a capacidade de produção atual e investir em verticalizações no nosso upstream, ou seja, ampliar nossas fontes de energia renovável, sal e outros,” disse o chairman.
O potencial de crescimento orgânico está mapeado: na soda, a Unipar estima que o mercado brasileiro demandará mais 400 mil toneladas até 2030, o equivalente a toda a capacidade de produção atual de Cubatão, uma das maiores plantas do mundo.
O segmento de papel e celulose, um dos maiores clientes de soda, prevê aumentar sua capacidade instalada em 150% na próxima década, incluindo o capex previsto por clientes como Suzano, Klabin, Eldorado e CMPC.
“Também estamos vendo oportunidades no cloro, porque as privatizações que virão como consequência do Marco do Saneamento devem aumentar substancialmente a demanda,” disse Frank.
A Unipar, que é líder na produção de cloro na América do Sul, já iniciou estudos para a implantação de uma nova fábrica de cloro soda no Nordeste.
Hoje, 35 milhões de brasileiros (quase 15% da população) não têm acesso a abastecimento de água e 104 milhões (46,9%) não dispõem de cobertura de coleta de esgoto. Na medida em que as concessionárias construírem novas unidades de tratamento de esgoto, elas precisarão do cloro no processo.
A Unipar fechou o primeiro semestre de 2021 com receita líquida de R$ 2,5 bilhões, EBITDA de R$ 990 milhões e lucro líquido de R$ 527 milhões.
A empresa vale R$ 9 bilhões na B3.
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O mundo do PVC viu ontem seu primeiro M&A relevante desde que a Unipar comprou a Solvay no final de 2016.
Ontem, o Apollo Global — que na última década ganhou muito dinheiro investindo na Lyondell — anunciou a compra da francesa Kem One, uma líder do PVC, soda cáustica e cloro na Europa. Os termos da transação não são públicos.
O que o Apollo provavelmente está enxergando: um crescimento de demanda de PVC de 5% ao ano contra um crescimento de produção de 1% ao ano.