A Zerezes — a marca de óculos independente que tem lojas em São Paulo e Rio — acaba de levantar R$ 20 milhões para acelerar sua expansão, abrindo novas lojas e entrando em mercados onde ainda não opera.
A captação foi liderada pela Shift Capital, a gestora que já investiu na The Coffee, na Bluefit e na Skelt, e teve a participação da Order VC, de Gilberto Zancopé, e de Marcello Bastos, o co-fundador da Farm e do Grupo Soma.
Essa é a primeira rodada da Zerezes, que foi fundada há 10 anos no Rio e vem se consolidando como uma marca aspiracional e descolada, atraindo principalmente os millennials.
A Zerezes hoje tem 9 lojas físicas (seis no Rio e três em São Paulo) e acaba de atingir um run rate de mais de R$ 40 milhões em faturamento.
Além do design dos óculos e das lojas, parte do atrativo da Zerezes é seu modelo verticalizado. Em vez de oferecer lentes dos grandes fabricantes, como a maioria das óticas faz, a Zerezes trabalha apenas com uma lente própria, e embute o preço na venda da armação. O tíquete médio dos óculos é de R$ 550.
“No mercado, os preços variam muito e a verdade é que as lentes mais caras entregam pouco valor adicional ao consumidor,” o CEO Rodrigo Latini disse ao Brazil Journal. “As pessoas não querem mais essa narrativa, e a gente entrega algo que é muito mais simples: uma lente única por um preço justo.”
Com essa proposta, a Zerezes tem conseguido resultados expressivos. A primeira loja aberta em São Paulo, no bairro do Jardins, tem faturado três vezes mais que o projetado, com uma venda por metro quadrado que bate R$ 10.000 em alguns meses — bem acima dos peers, segundo o CEO.
“Essa chegada em São Paulo mostra bem nossa estratégia: chegamos primeiro só pelo online, fizemos campanhas fortes pelo digital e só depois abrimos a primeira loja, que bombou,” disse Hugo Galindo, o cofundador e diretor criativo.
Agora, o plano é acelerar a expansão, abrindo mais três lojas nos próximos 30 dias — duas no Rio e uma em São Paulo — e outras dez ao longo do ano que vem, incluindo unidades em Brasília e Belo Horizonte, mercados onde as vendas online já são expressivas.
Todas as lojas da Zerezes serão próprias, e o capex varia de R$ 300 mil a R$ 500 mil por loja. Hugo disse que a empresa nunca pensou em crescer por franquias porque é difícil manter o padrão de qualidade.
A rodada é um marco para a trajetória da Zerezes, que nasceu como um projeto de faculdade de Hugo e Luiz Eduardo Rocha no curso de design da PUC-Rio, e que até agora crescia usando apenas a geração de caixa.
Segundo Rodrigo, a empresa sempre resistiu a fazer uma captação porque temia perder a “essência do negócio” e se ver obrigada a crescer a qualquer custo.
“Mas conseguimos encontrar um grupo de investidores que está muito alinhado com a nossa tese e está comprometido a ficar com a gente para o longo prazo,” disse ele.