Eugênio de Zagottis — que foi por duas décadas um dos principais executivos da Raia Drogasil — anunciou hoje que se tornou acionista da Enjoei e que vai ocupar um assento no conselho da empresa.
Zagottis está se juntando a outros nomes de peso que já estão no board: Renato Rique, o fundador da administradora de shoppings ALLOS, e Fernando Cirne, o CEO da LWSA, a companhia melhor conhecida como Locaweb.
O executivo vai substituir Alexandre Dias, o fundador da São Pedro Capital que estava desde 2021 no conselho. Os outros conselheiros são Gregory Rider, da Volpe Capital, Helena Penna, uma executiva do setor, e Tiê Lima e Ana Luiza Mclaren, os dois fundadores.
Zagottis se tornou acionista da Enjoei em meados deste ano, quando começou a se aproximar da empresa, que opera um e-commerce de venda de produtos usados e entrou recentemente no varejo físico.
Ele não abre o tamanho de sua posição, mas diz que ela é menor do que 5%, o que obrigaria um disclosure para a CVM.
“Não estou aqui para ‘flipar’, valorizar 20%, 30% e sair. Quero fazer parte de um projeto transformador, com uma visão de longo prazo,” Zagottis disse ao Brazil Journal. “A Enjoei é a principal marca do mercado de moda circular no Brasil e eles criaram um ecossistema muito forte, com três empresas [a Enjoei, Elo7 e Cresci e Perdi] e vários canais.”
Zagottis se mostrou especialmente entusiasmado com a estratégia de expansão da Enjoei para o varejo físico — que começou este ano.
A companhia abriu três lojas — uma em abril, na Vila Madalena, outra em julho, no Campo Belo, e outra em agosto, na Frei Caneca — e está se preparando para estrear no modelo de franquias.
As três lojas estão performando bem e já estão dando lucro.
“O potencial que eles têm no mercado físico e com a multicanalidade é gigantesco,” disse Zagottis. “Essa expansão não é 1 + 1 = 2. É algo multiplicador, que vai trazer inúmeros benefícios para a operação.”
O executivo destacou os ganhos de logística, com a Enjoei podendo usar as lojas como pontos de entrega dos produtos ou de retirada das roupas que serão vendidas; e o benefício de branding que ter centenas de lojas espalhadas pelo Brasil trará.
“É um movimento transformacional. A plataforma vai agregar uma base de clientes para as lojas, e as lojas também, além de baratear a logística.”
Zagottis deu o exemplo da RD — onde ele ainda é conselheiro. Segundo ele, 70% dos downloads do aplicativo da Raia Drogasil acontecem nas lojas. “A empresa não gasta quase nada para trazer usuário para o digital, e o digital também tem feito as lojas crescerem.”
Sobre o negócio core da Enjoei — o ecommerce — Zagottis disse que a empresa está num ponto de inflexão.
“Se você olhar o percentual que o marketing representa do GMV, ele vem caindo muito nos últimos trimestres. E essa sempre é a hora da verdade para qualquer plataforma: se você reduz o investimento em marketing, e ainda assim as vendas crescem isso é um ótimo sinal,” disse o executivo.
A Enjoei também chegou recentemente ao breakeven. No EBITDA, ela já está operando no positivo há um ano, com R$ 13 milhões de EBITDA nos últimos doze meses. Na geração de caixa, a operação virou para o azul no terceiro tri, quando a Enjoei teve geração de caixa livre positiva pela primeira vez.
Zagottis disse ainda que enxerga uma assimetria de valor muito grande no valuation da empresa.
“Eles valem pouco mais de R$ 250 milhões na Bolsa e tem quase isso em caixa líquido,” disse ele. “E é um negócio que acho que vai crescer muito mais com as lojas físicas. Sem falar que ela tem 27% de um negócio de mais de 600 lojas [a Cresci e Perdi] e que já faz um EBITDA anualizado de R$ 60 milhões. Se olhar tudo isso, a plataforma de ecommerce está quase precificada hoje a valor negativo.”
Este será o quarto conselho que Zagottis fará parte. Além da RD — onde ele deixou suas funções executivas em abril deste ano, assumindo uma cadeira no conselho — Zagottis está no conselho da Petlove e da Sigma Lithium.
A Enjoei é a única dessas empresas em que Zagottis também é investidor.