A ação da Copel sobe quase 3% no pregão de hoje depois que a companhia publicou sua nova política de dividendos, um anúncio amplamente aguardado pelo mercado.
A geradora e distribuidora de energia disse que fez um estudo com 78 mil cenários diferentes e diversos inputs para definir sua estrutura de capital ótima — que concluiu ser uma alavancagem de 2,8x dívida líquida/EBITDA, com uma margem de 30 basis points para cima ou para baixo.
Em função dessa estrutura de capital, a Copel definiu que terá um payout mínimo de 75% do lucro e distribuirá dividendos pelo menos duas vezes por ano.

Hoje o payout da empresa é de 50% e qualquer dividendo além disso é considerado um dividendo extraordinário.
“Nossa ideia é ter previsibilidade, estabilidade e conseguir alcançar dois dígitos de dividend yield, o que achamos bem razoável dadas as características da Copel,” o CEO Daniel Slaviero disse na call com analistas.
O BTG disse que já enxerga a Copel como uma ação de dividendo, mas que ela não negocia como uma. “Isso, na nossa visão, acontece por conta da imprevisibilidade de quanto dividendo a companhia podia pagar,” escreveu o analista Antônio Junqueira. “A nova política de dividendo deve corrigir essa percepção.”
A estimativa do BTG é que para atingir a meta de alavancagem a Copel terá que ir além de sua política: pagando 100% de payout, além de R$ 3 bi de dividendos extraordinários nos próximos 24 meses.
“Assumindo que a companhia pague metade do dividendo extraordinário em cada ano, o dividend yield seria de 10,5% em 2025 e de 12,3% em 2026. Em 2027, sem nenhum dividendo extra (e 100% de payout), o yield seria de 10%, e esse número deveria crescer gradualmente ao longo dos anos seguintes,” escreveu o banco.
O BTG nota ainda que as ações de dividendos negociam hoje a uma TIR real de 6% a 8%. Assumindo que a Copel passe a negociar no topo dessa faixa, a ação poderia subir mais 20% a 25%.
“Esse parece ser um re-rating merecido para a companhia,” escreveu Junqueira.
Na call com analistas, o CEO disse ver uma possibilidade “razoável” da companhia terminar este ano com uma alavancagem um pouco acima do 2,8x (mas ainda dentro do range de 30 bps) — já que ela tem um aumento de EBITDA contratado para 2026 por conta da revisão tarifária.
No primeiro tri, a alavancagem da Copel fechou em 2,3x EBITDA.
A companhia vale R$ 31 bilhões na Bolsa e sobe 32% nos últimos 12 meses.
A nova política de dividendos vem em meio ao turnaround que a empresa tem executado desde a privatização em agosto de 2023. Segundo Slaviero, a companhia está agora na segunda onda desse plano estratégico, que ele chama de excelência operacional.
“Estamos criando a cultura de dono nos colaboradores, buscando ganhos de eficiência e extraindo valor dos nossos ativos, maximizando as receitas aproveitando a volatilidade de preços,” disse ele. “A ideia é nos preparar para a revisão tarifária de junho de 2026 e deixar a empresa pronta para capturar melhores oportunidades de expansão no próximo ciclo.”