Os papéis das empresas de computação quântica vinham subindo alucinadamente nos últimos dias, com a aposta crescente de que esta tecnologia pode ser a próxima grande revolução na era da AI.
Mas em um breve comentário ontem, Jensen Huang, o CEO da Nvidia, destruiu US$ 8 bilhões em valor de mercado de algumas das principais empresas do setor.
Para Huang, o uso comercial dos computadores quânticos ainda parece distante.
Numa conversa com analistas durante a Consumer Electronics Show (CES), em Las Vegas , Huang disse que parece cedo ter computadores quânticos em 15 anos, enquanto 30 anos seria uma aposta num cenário mais tardio.
“Se dissermos 20 anos, acho que provavelmente muitos de nós acreditaria ser possível,” disse o CEO da Nvidia.
Nas estimativas de Huang, os computadores quânticos ainda terão que multiplicar por 1 milhão o número atual de unidades de processamento que conseguem entregar hoje.
Após a divulgação dos comentários, as ações de algumas companhias de computação quântica caíram mais de 40%, como a da Rigetti Computing, que desenvolve chips e é uma das queridinhas dos investidores. Apesar do tombo, o papel ainda acumula um ganho de mais de 1.600% no último ano.
A Quantum Computing, outra que amargou perdas superiores a 40%, ainda sustenta alta de mais de 1.000% em 12 meses. A D-Wave Quantum, que caiu 36%, registra uma valorização expressiva de mais de 600% em relação a janeiro de 2024.
As empresas de computação quântica ganharam mais atenção dos investidores depois do anúncio do Google, em dezembro, de que havia conquistado avanços expressivos nessa área com seu chip Willow.
Segundo a empresa, o supercomputador equipado com a tecnologia consegue solucionar em 5 minutos um problema que seu supercomputador mais avançado resolveria apenas em 10 septilhões de anos.
No embalo da notícia, as ações da Rigetti, que já vinham em alta, quintuplicaram de valor no mês passado, enquanto as da D-Wave subiram 178%.
“Ele está completamente enganado,” rebateu o CEO da D-Wave Quantum, Alan Baratz, em entrevista à CNBC. “A razão para ele estar errado é que já somos uma empresa comercial hoje.”
Baratz disse que clientes como a Mastercard e a empresa japonesa de telefonia NTT Docomo já utilizam a tecnologia em suas operações. “Não daqui a 30 anos, não daqui a 20 ou 15 anos, mas hoje,” disse ele.
Mas como notou a CNBC, a D-Wave ainda possui receitas modestas. Faturou US$ 1,9 milhão no último trimestre e tem market cap de US$ 1,6 bilhão.
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