A XP reportou um terceiro trimestre com recordes na receita e no lucro líquido e um crescimento forte do net new money, que retomou os patamares históricos depois de um começo de ano fraco.
A corretora de Guilherme Benchimol teve uma receita bruta de R$ 4,5 bilhões, um lucro antes de impostos (EBT) de R$ 1,2 bilhão e lucro líquido de R$ 1,187 bilhão, uma alta de 9% ano contra ano.
A margem líquida, que tinha sido de 26,5% no segundo tri, subiu 100 basis points para 27,5%.
Já o net new money ficou em R$ 31 bilhões, em comparação aos R$ 32 bilhões do segundo tri, com a captação no varejo ficando em R$ 25 bilhões. No quarto tri do ano passado e no primeiro tri deste ano, a captação líquida havia desabado para ao redor de R$ 15 bilhões.
Os números vieram essencialmente em linha com as projeções do sellside, que esperava uma receita de R$ 4,4 bilhões, EBT de R$ 1,3 bilhão e lucro líquido de R$ 1,19 bi.
A XP também teve mais um trimestre de melhora no chamado índice de eficiência — a divisão do SG&A pela receita líquida. Esse indicador caiu para 35,5% em comparação aos 36,1% do segundo tri — atingindo o melhor índice desde o IPO.
O SG&A caiu 2% ano contra ano para R$ 1,5 bilhão. Na comparação sequencial, houve uma alta de 6,6%, em grande parte pela realização da Expert, que sempre eleva as despesas do trimestre.
Na apresentação dos resultados, a XP disse que está ‘on track’ para entregar seu guidance de três anos, publicado em dezembro do ano passado.
Na época, a companhia disse que esperava chegar no final de 2026 com uma receita bruta entre R$ 22,8 bilhões e R$ 26,8 bilhões e margem EBT de 30% a 34%.
Nos últimos 12 meses até setembro, a XP entregou uma receita de R$ 17,6 bilhões, com uma margem EBT de 28%.
No próximos trimestres, o crescimento da margem EBT deve vir da alavancagem operacional — com a companhia mantendo suas despesas estáveis ao mesmo tempo em que cresce as receitas — e da melhora da rentabilidade de seus novos produtos (cartão de crédito, seguros, previdência, câmbio, consórcio, conta digital e a assessoria interna, que já tem 2.700 assessores).
Desses novos produtos, os únicos que já devem fechar este ano com margem positiva são o cartão de crédito e a assessoria interna. O cartão deu prejuízo em 2022 e 2023, mas deve fechar este ano com um pequeno lucro, segundo uma fonte próxima à empresa.
A expectativa da XP é que os outros produtos atinjam o breakeven ao longo de 2025 e 2026, contribuindo para a melhora da margem.
O potencial de crescimento em todos esses produtos ainda é brutal. Em cartões, a penetração na base total de clientes é de 29%, em comparação a uma média de 50% entre os peers. Já o market share em seguros é de 2%, em comparação à média de 17% do mercado, e em previdência privada, de 5%, contra uma média dos concorrentes de 28%.
No banco de atacado, a receita cresceu 36% ano contra ano. Assim como nos trimestres anteriores, os destaques foram a área de DCM e de corporate securities.
A XP tem dito ao mercado que a partir do quarto tri o banco de atacado deve se beneficiar da reestruturação que a companhia fez em sua estrutura societária.
Até o segundo tri deste ano, a XP tinha uma estrutura em que a corretora era dona do banco, o que fazia com que o banco tivesse limitações de captação — não podendo, por exemplo, emitir dívida subordinada.
Com a reestruturação, o banco passou a ficar em cima da corretora, o que vai flexibilizar as opções de captação, reduzindo o custo de funding.
Isso beneficia o banco de atacado porque algumas ofertas no Brasil exigem que o coordenador encarteire o ativo antes de vender para o varejo. Como o custo de funding da XP era alto, ela não conseguia entrar em algumas operações. Agora, poderá fazer negócios que não fazia antes, ganhando mais mandatos.
Junto com o resultado, a XP também anunciou uma distribuição de R$ 2 bilhões em dividendos, além de R$ 1 bilhão em recompra de sua ação. Esses valores se somam ao R$ 1,3 bi que a companhia já havia distribuído este ano em remuneração aos acionistas.
Com isso, o payout do ano sobe para acima de 97%.
Considerando apenas os dividendos, o dividend yield do ano gira ao redor de 4%.
A XP vale US$ 9,14 bilhões na Nasdaq. A ação cai 29% nos últimos 12 meses e negocia a cerca de 10x o lucro estimado para 2025.