A XP Investimentos vai permitir que seus 2.550 funcionários trabalhem de casa até o final deste ano e está explorando novas formas de adotar o home office de forma permanente — um movimento que pode ter repercussões de longo prazo para o mercado de imóveis comerciais.
O anúncio da medida, feito há pouco pelo CEO Guilherme Benchimol numa teleconferência com funcionários, não prevê redução imediata do espaço físico locado pela companhia, que ocupa sete andares e meio no São Paulo Corporate Towers e mais dois andares em sua antiga sede na Avenida Faria Lima.
Mas a adoção mais estrutural do home office pode reduzir a demanda por espaço da empresa, e o movimento pode inspirar outras empresas do setor financeiro a adotar o mesmo caminho, reduzindo a demanda por espaço comercial em regiões como o Itaim e Vila Olímpia, em São Paulo.
O anúncio da XP vem um dia depois do Twitter, cuja sede é São Francisco, tornar o home office permanente para os funcionários que preferirem o modelo, o que já está gerando debate sobre uma descentralização das empresas de tech hoje baseadas na Bay Area.
No Brasil, a XP é a primeira grande empresa a anunciar planos de adotar essa política de forma permanente.
No início da pandemia, a XP fez uma pesquisa sobre a preferência dos funcionários em frequentar o escritório. Apenas 5% disseram que querem ir ao escritório 5 dias por semana. A maioria disse que gostaria de ir apenas 3 vezes.
Guilherme Sant’Anna, o head de gente e gestão da XP, disse ao Brazil Journal que os scores de satisfação tanto dos funcionários quanto dos clientes aumentaram significativamente desde que a pandemia começou. “Achamos que em certa medida isso tem a ver com o home office.”
A decisão da corretora também deve ter implicações para a arquitetura de interiores dos escritórios. A XP planeja, por exemplo, trocar as baias fixas por posições neutras e rotativas.
No mercado imobiliário comercial, a ideia de um grande êxodo por parte das empresas é vista com ceticismo.
“A infraestrutura de TI dos funcionários em casa é muito inferior ao que existe nas empresas, o que fragiliza a segurança da informação,” diz um gestor de fundos com exposição a imóveis comerciais “Além disso, trabalhar em casa é ruim para a saúde mental dos funcionários no longo prazo, e você acaba perdendo produtividade com a falta de interação entre pessoas.”
Outro participante do setor disse que empresas que trabalham com home office têm um turnover mais alto de funcionários, e que o Brasil é uma cultura de contato físico, em que as pessoas preferem estar com as outras.
Pronto. Polarizamos de novo.