A Vórtx — que oferece soluções de backoffice para o mercado financeiro — acaba de adquirir a Basement, uma startup que ajuda empresas de capital fechado a gerir seu cap table [o quadro de acionistas] e programas de stock option.

A aquisição é a segunda da Vórtx desde que ela levantou R$ 190 milhões numa rodada liderada pela FTV Capital em março do ano passado.

11373 1cca1876 4e2a 9912 8d06 67102c3c07b8A Vórtx está comprando 51% da Basement numa transação majoritariamente primária. Há um componente secundário que dará saída a 340 investidores que entraram no capital da Basement logo no início da empresa por meio de um equity crowdfunding.

Os dois fundadores da Basement — Frederico Rizzo e Daniel Sousa — vão continuar tocando a empresa e, pelos termos do contrato, devem se tornar sócios da Vórtx em dois anos (o tamanho da participação vai depender de métricas de resultado).

A transação tem sinergias importantes com a vertical de escrituração da Vórtx, que faz o controle dos investidores que compraram cotas de fundos clientes ou emissões de dívidas.

“A Basement faz essa parte de escrituração para equity, e tem uma tecnologia muito boa, com uma plataforma muito avançada,” Juliano Cornacchia, o fundador da Vórtx, disse ao Brazil Journal.

Fundada em 2019, a Basement atende mais de 200 clientes, incluindo a fintech Cora, a RD Station e a SmartFit.

A startup opera num modelo de SaaS, cobrando uma assinatura mensal que varia de acordo com o tamanho do cap table da empresa (quanto mais sócios, maior o preço).

O modelo e a proposta da Basement é bem semelhante ao da Carta, uma fintech americana fundada há dez anos e que foi avaliada em quase US$ 7 bi em sua última rodada privada, em meados do ano passado.

“Nosso software é basicamente um livro-razão eletrônico que vai registrando toda a evolução da empresa em termos de cap table,” disse Frederico.

Com esse registro, ela consegue mostrar num dashboard diversas informações como quem são os investidores, quais funcionários têm stock options, quantas ações cada um tem, e por aí vai.

“À medida que os cap tables foram se democratizando, com muitas empresas dando stock options aos funcionários, ter esse controle virou algo essencial,” disse Frederico. “Para a empresa também é importante que o colaborador entenda o valor do equity. Por isso, criamos uma plataforma onde a pessoa consegue acompanhar quanto suas ações valem, e se estão se valorizando.”

Com a incorporação pela Vórtx, a Basement já tem planos de começar a oferecer seus serviços também para empresas de capital aberto — um mercado dominado basicamente pelo Bradesco e Itaú.

O foco inicial serão empresas pré-IPO.

“Por incrível que pareça, boa parte das empresas de capital aberto ainda vêem o captable delas no Excel. Elas tem que pedir a relação aos escrituradores, que mandam numa planilha!” disse Juliano.

Outro plano é criar uma plataforma que permita a negociação de participações em empresas de capital fechado no mercado secundário. Hoje, a Vórtx já está no sandbox regulatório da CVM para criar uma plataforma de mercado secundário para a negociação de cotas de fundos fechados (como private equity e venture capital) e ativos de renda fixa.