A Vivo anunciou agora à noite que a Anatel aprovou o pedido que ela havia feito em fevereiro de uma redução de capital de até R$ 5 bilhões.
O movimento vai permitir à operadora de telecom aumentar sua distribuição de dividendos aos acionistas num momento em que seu lucro líquido está pressionado mas sua geração de caixa continua robusta.
A Vivo tem como política pagar 100% de seu lucro em dividendos, mas o bottom line está sofrendo basicamente por dois motivos: um custo de capital maior (dado o nível da Selic) e o impacto da compra dos ativos da Oi, que trouxe um custo com leasing maior para o balanço.
Como a distribuição de dividendo é limitada ao lucro líquido, “mesmo com um payout de 100% a Vivo estava com um excedente de caixa relevante,” disse Bernardo Guttmann, que cobre a empresa na XP. “Com essa redução de capital, eles vão conseguir ter um payout superior a 100% nos próximos anos e aumentar o dividend yield.”
A XP estima que o dividend yield da Vivo — que deveria girar em torno de 7,5% no ano que vem — suba para 11% com essa distribuição adicional, considerando que a Vivo faça a redução de capital em duas tranches: 50% no ano que vem e a outra metade em 2025.
A redução de capital aumentará o payout da Vivo para cerca de 150% do lucro líquido.
Já o BTG estima que o pagamento será feito em três parcelas: uma no final deste ano, outra no ano que vem e a terceira em 2025. Na estimativa do BTG, a Vivo distribuirá R$ 2 bi ainda este ano, R$ 2 bi no ano que vem e o R$ 1 bi restante em 2025.
Com isso, o dividend yield do ano que vem e de 2025 ficaria em cerca de 10,5%.
“A Vivo tem R$ 64 bilhões em capital e poderia sem sombra de dúvidas operar o negócio com muito menos. Mas como uma concessionária, além da aprovação do board e dos acionistas, ela também necessitava da autorização da Anatel,” escreveu o BTG.
A XP havia elevado na semana passada sua recomendação para a Vivo de ‘neutro’ para ‘compra’ citando a forte recuperação das receitas com serviços e o valuation atrativo.
Nas contas da XP, a Vivo negocia hoje a 3,6x EV/EBITDA e a 13,3x o lucro de 2024, um desconto em relação aos múltiplos históricos da companhia.
A companhia vale R$ 73 bilhões na B3.
A BR Partners assessorou a Vivo na redução de capital.