Quer um sinal de que o mercado imobiliário bateu no teto?
A Cushman & Wakefield, uma das maiores empresas de consultoria imobiliária do mundo, foi colocada à venda.
A família italiana Agnelli, que controla a Cushman e também a Fiat, está tentando aproveitar os preços recordes dos imóveis em cidades como Londres e Nova York para obter um bom preço pela empresa.
De acordo com o The Wall Street Journal, a família contratou a Goldman Sachs e o Morgan Stanley para achar um comprador. Através de sua companhia de investimentos, a EXOR SpA, os Agnelli compraram 67,5% da Cushman há oito anos por 565 milhões de dólares e mais tarde aumentaram sua participação para 81%.
A Cushman gera cerca de 163 milhões de dólares em caixa por ano, e o WSJ ouviu analistas que disseram que a empresa poderia valer 2 bilhões de dólares.
O problema com qualquer estimativa de valor é que o negócio de corretagem sempre foi, antes de mais nada, um negócio de pessoas — que os acionistas da Brasil Insurance não me deixem mentir…
A Cushman é uma empresa quase centenária que depende, em grande parte, da rede de contatos de seus corretores. E quando o corretor que trabalha para um cliente — digamos, a Microsoft — sair da Cushman, todo mundo sabe que o cliente vai embora com ele. (Esta tradição não é respeitada no Brasil, mas é a cultura nos EUA). O nível de networking necessário para fechar estes negócios bilionários é tal — e as comissões são tão altas — que não é raro os melhores corretores da firma terem seu próprio jato executivo.
Fundada em 1917 por J. Clydesdale Cushman e seu cunhado, Bernard Wakefield, a Cushman também se vale do carisma e dos contatos do neto de seu fundador, John C. Cushman III, e seu filho, Jeff Cushman, ambos celebridades na cena novaiorquina. A Cushman tem cerca de 250 escritórios e 16 mil funcionários em 60 países, mas seu principal mercado ainda é a ilha de Manhattan, que seus corretores dividem entre eles quarteirão por quarteirão, milimetricamente.
A Cushman é a terceira maior empresa do ramo, e a única não listada em Bolsa. A possibilidade de comprá-la deve interessar diretamente a suas concorrentes: a CB Richard Ellis, que vale 11,4 bilhões de dólares na Bolsa de Nova York, e a Jones Lang LaSalle (JLL), que vale 7,2 bilhões de dólares.