Em um momento difícil para as empresas de saúde, o Fleury acaba de publicar resultados em linha com as expectativas do mercado, que no geral tem tido uma visão mais benigna sobre a empresa do que sobre seus pares.
A receita líquida da rede de laboratórios subiu para R$ 1,9 bilhão, uma alta de 54% em relação ao mesmo tri do ano passado e que reflete a fusão com o Hermes Pardini.
No resultado pro forma, que mostra os números como se Fleury e Hermes Pardini já estivessem com a operação combinada no primeiro tri de 2023, a alta foi de 6,6%.
O EBITDA chegou a R$ 516 milhões, uma alta de 49,6% no contábil e de 11,4% no pro forma. A margem EBITDA ficou em 27,2% – queda de 0,8 ponto no contábil e alta de 1,1 no pro forma.
“Entregamos resultados consistentes mais uma vez com grande disciplina de custos e receita, e as sinergias com o Pardini seguem sendo capturadas como o planejado,” a CEO Jeane Tsutsui disse ao Brazil Journal.
Os destaques do trimestre ficaram com a operação B2B – que aumentou a receita em 12% tanto no contábil quanto no pro forma – e também com a área de “novos elos”, que cresceu 21,8% organicamente ano contra ano.
No caso do B2B, o negócio foi impulsionado pela recente obrigatoriedade de motoristas profissionais realizarem exames toxicológicos a cada dois anos e seis meses.
Já na área de novos elos, o crescimento mais forte veio das áreas de infusões e oftalmologia.
Os laboratórios, que representam quase 70% da receita bruta do Fleury, cresceram 3,1% numa base pro forma, enquanto a operação de Minas Gerais teve alta de 10% na receita devido à alta demanda por exames de dengue.
A alavancagem do Fleury permaneceu em 1,2x, e a recente compra do laboratório São Lucas, em Santa Catarina, por R$ 69,8 milhões anunciada em abril, não deve alterar este número, disse o CFO José Antonio Filippo.
Jeane disse que as aquisições – tanto de laboratórios quanto de empresas de saúde para integrar a área de novos elos – vão continuar, mas com disciplina de preço.
Jeane disse que o setor pode estar entrando em um momento de múltiplos mais razoáveis dado o custo de capital elevado e o período conturbado por que passam as operadoras de saúde e os prestadores de serviços.
Neste momento em que muitas operadoras estão dificultando o repasse, a linha de contas a receber do Fleury dobrou para R$ 269 milhões.
Mas segundo Filippo, este aumento aconteceu por um efeito contábil da fusão com o Hermes Pardini. Segundo ele, não há problemas no repasse dos planos para o Fleury.
Jeane disse que vê o Fleury como um parceiro das operadoras, especialmente com o crescimento da área de novos elos.
“Medicina diagnóstica representa apenas 20% dos custos das operadoras, e sempre nos colocamos como parceiros para ajudá-las a controlar a sinistralidade,” disse a CEO.
A ação do Fleury cai cerca de 4% nos últimos 12 meses. A companhia vale R$ 8 bilhões na B3.