Em algum momento deste ano, um grupo de fundos de pensão deve vender a maior parte de suas ações na Vale.  A oferta, que a preços de hoje movimentaria R$ 26 bilhões, tem tudo para ser o maior negócio do ano na Bolsa brasileira, e acontecerá porque os fundos precisam levantar capital e reduzir sua exposição à empresa.

A 45 minutos do fim do pregão desta quarta, a agência Broadcast noticiou que a Vale “prepara uma oferta” para a venda da fatia que a Previ tem na empresa. A Vale já caía cerca de 3%, em linha com outras mineradoras internacionais. Mas quando a notícia da Broadcast saiu, o papel acentuou a queda e fechou em baixa de 4,8%, com o dobro do volume médio negociado.

Minutos depois, no entanto, o Valor Econômico reportou que a transação não é iminente.

Com o fim de um período de lockup de seis meses — parte de uma reorganização societária que transformou a Vale numa empresa do Novo Mercado — os ex-controladores da Vale agora estão livres para vender parte de suas ações.  Como o lockup era público, a maior parte dos investidores já esperava que um ‘block trade’ acontecesse em algum momento, mas a notícia da Broadcast passou a impressão de iminência.

O timing, neste caso, é o x da questão.

Segundo as repórteres Talita Moreira e Graziella Valenti, a oferta só deve sair no segundo trimestre e “ainda não existem instituições mandatadas. Há apenas conversas.”
 
Mais: o mais provável é que a oferta só saia depois da Vale anunciar o resultado do primeiro trimestre, o que só deve acontecer em maio.

Os ex-controladores da Vale — que juntos detêm 36,7% do capital — agora podem vender ações representando 16,7% do capital da empresa.

Destes 16,7%, a Litel — um veículo de investimentos da Previ, Petros e Funcef — é dona de 11,33%, o BNDES, de 1,22%, a Bradespar, de 2,25%, e a Mitsui, de 1,9%.

A Previ tem mais pressa: o fundo tem que respeitar uma exposição máxima de 10% em um único ativo, e hoje, 24% do patrimônio da Previ estão na Vale.

Assumindo que só a Litel venda, a preços de hoje o lote a ser ofertado passaria de R$ 26 bilhões.   Os bancos de investimento estão salivando.